Obra de autor incontornável das letras americanas traz galeria de personagens marcantes da Nova York dos anos 1920 e 1930, em estilo inconfundível
Jogadores, gângsteres, apostadores, cantores, coristas, leões de chácara, contrabandistas, garçons, pugilistas e até uma missionária. Todos tentando se virar — nem sempre honestamente — na Nova York dos anos 1920 e 1930, tempos da Grande Depressão e da Lei Seca. É essa galeria de efêmeros ganhadores e perdedores que povoa os contos de Damon Runyon (1884-1946), criador de um retrato da grande metrópole americana que continuou a ressoar décadas depois.
A coletânea Eles e elas — Contos da Broadway é um excelente cartão de visitas para o universo de um autor popular e incontornável das letras americanas. Runyon, ele mesmo um jogador compulsivo que vivia em constante aperto financeiro, era jornalista, especializado em esportes, e também um exímio observador da vida cotidiana, o que faz suas narrativas pulsarem de autenticidade. Além dos personagens e enredos totalmente convincentes, o escritor, com seu estilo singular, criou uma linguagem original, saída das ruas em torno da Broadway, que na época começava a ser o grande centro de entretenimento de Nova York.
Sobre o autor
Alfred Damon Runyan (a troca para Runyon foi um erro tipográfico de um editor, encampado pelo escritor) nasceu numa cidade curiosamente chamada Manhattan no interior do estado de Kansas, filho e neto de jornalistas. Aos 14 anos, alistou-se no exército e foi enviado para as Filipinas para lutar na guerra entre Estados Unidos e Espanha. De volta, passou dez anos escrevendo para jornais locais sobre todos os assuntos, embora se interessasse principalmente por esportes. Em 1911 mudou-se para Nova York, cobrindo principalmente as notícias de beisebol e boxe, mas sempre mais interessado em seus aspectos humanos.
Os contos que escreveu sobre a região da Broadway foram agrupados na coletânea Guys and Dolls em 1931, um sucesso imediato, seguido por outras reuniões de narrativas curtas. Por essa época, passou a escrever colunas sob o título de As I see it , distribuídas nacionalmente para os jornais do grupo Hearst. Casou-se duas vezes e teve dois filhos. Foi um grande apreciador do álcool, mas parou com a bebida ao se casar pela segunda vez. Fumava muito e morreu de câncer na garganta em 1946, dois anos depois de ter a laringe extirpada. Suas cinzas, a seu pedido, foram espalhadas de um avião sobre a ilha de Manhattan.