Fernando Pessoa escreveu estes fragmentos ao longo de pouco mais de vinte anos, de maneira irregular e espaçada. Não chegou a estabelecer a obra, mas deixou muitas anotações. Com organização e introdução de Jerónimo Pizarro, especialista responsável por dezenas de estudos e publicações acerca do poeta lusitano, esta nova edição resgata a grande obra-prima de um dos mais importantes autores lusófonos.
O Livro do desassossego foi quase todo escrito durante um período em que Portugal e Europa experimentavam uma longa crise: guerras, ascensão do fascismo e a chegada de Hitler ao poder. No entanto, ‘desassossego não tem a ver com pessimismo, mas com instabilidade, com a incapacidade de firmar posição’, como observa o escritor Tiago Ferro no posfácio. Instabilidade de um grande sonhador que, em meio a um mundo em transformação, se dedica a uma profunda reflexão sobre a vida e o que pode instigar um espírito irrequieto: ‘A minha vida é uma febre perpétua, uma sede sempre renovada.’
A prosa poética de Fernando Pessoa ecoa suas influências e seu ideal: ter ‘a sensibilidade de Mallarmé dentro do estilo de Vieira; sonhar como Verlaine no corpo de Horácio; ser Homero ao luar.’ Obra sem igual na língua portuguesa, o Livro do desassossego tem um potencial transformador que só poderia resultar da combinação entre poesia, filosofia e a extraordinária sensibilidade de Fernando Pessoa.
Sobre o autor
Fernando Pessoa (1888-1935), um dos maiores poetas de língua portuguesa, deixou uma obra vasta e em grande parte inédita em vida.