Ao trazer para o universo do cordel a novela fantástica de Franz Kafka, A metamorfose, o poeta João Gomes de Sá fez uma releitura muito particular, com espaço para o devaneio e o sonho.
Quero seguir os meus passos,
Sem rédeas e sem porteiras,
Pois só se vive uma vez
E de diversas maneiras,
Mas, apesar da emoção,
Em briga com a razão
Eu quero cruzar fronteiras.
A história do caixeiro-viajante que, um dia, acorda memorfoseado num monstruoso inseto, tem gerado inúmeras interpretações e permanece como uma das mais inquietantes criações literárias do nosso tempo.
Sobre o autor
Franz Kafka nasceu em Praga, capital da Boêmia, então pertencente ao Império Austro-Húngaro (hoje República Checa), a 3 de julho de 1883. Filho de um comerciante judeu, Kafka, para satisfazer ao pai, com quem tinha uma relação conflituosa, cursou direito. Como escritor, integrou a chamada Escola de Praga, movimento vanguardista que desprezava os preceitos clássicos e investia na ironia. Publicou o primeiro livro, Considerações, em 1913, com pouquíssima repercussão. Em 1914, ano em que se inicia a Primeira Guerra Mundial, foi vítima de grave crise emocional. No ano seguinte, publicaria sua obra mais célebre, A metamorfose, escrita em 1912. A temática do indivíduo asfixiado pela sociedade moderna, em meio a um labirinto burocrático e sem chance de redenção, foi explorada em outras obras, notadamente nos romances O castelo e O processo, publicados postumamente em alemão. Em 1922, pediu ao amigo e guardião de seu espólio Max Brod que destruísse suas cartas e manuscritos, mas este se recusou a fazê-lo. Kafka morreu no dia 3 de junho de 1924, em um sanatório próximo de Klosterneuburg, nas imediações de Viena, capital da Áustria, vítima de insuficiência cardíaca, agravada por uma tuberculose.