Artista polêmico e camaleônico, Caetano Veloso é uma das mais complexas personalidades da cultura brasileira. Presente em praticamente todas as discussões que envolvem o contexto sociopolítico e cultural do país, o cantor e compositor chega aos oitenta anos produzindo e participando ativamente do debate nacional, conectado com o que há de mais atual e vanguardista no cenário brasileiro.
Este ensaio, uma reedição do Folha Explica: Caetano Veloso (Publi Folha, 2005), revisto e atualizado por Guilherme Wisnik, analisa com acuidade obras do músico lançadas até hoje. O autor, em uma ‘ambição original um pouco quixotesca de ‘explicar’ Caetano’, entrelaça seu perfil biográfico e intelectual ao estudo aprofundado dos aspectos que envolvem todos os discos, dos momentos históricos em que estão inseridos, das relações de Caetano com outros músicos nacionais e estrangeiros, bem como do respeito que ganhou do público ao longo das décadas. Do exílio na ditadura militar às querelas envolvendo a lei Rouanet no governo Bolsonaro, Caetano sempre se fez ouvir tanto por meio de sua música quanto por sua opinião. E em todos os momentos foi polêmico, assertivo e contraditório: tudo o que se espera de um artista plural.
Lançar mundos no mundo apresenta um vaivém no tempo, formalizando no ensaio o que faz o artista na vida, ao adequar suas convicções, sem se apegar aos modismos. Wisnik tenta dar conta da complexidade da obra de Caetano que cruza ‘a mesma estrada em que o tempo brinca ao redor do caminho de um menino […] Estrada do tempo, que se volta sempre para o agora. Um agora urgentemente aberto, onde múltiplos mundos coexistem’. Este livro é uma homenagem à existência dessa figura que se confunde com o Brasil e retrata as contradições que fazem dele vários mundos em um mundo.
Sobre o autor
Nasceu em São Paulo, em 1972, é arquiteto, ensaísta, compositor, e professor livre-docente na FAU-USP. Autor de livros como Lucio Costa (Cosac Naify, 2001), Estado crítico: à deriva nas cidades (Publifolha, 2009) e Dentro do nevoeiro: arquitetura, arte e tecnologia contemporâneas (Ubu, 2018), também foi curador geral da 10a Bienal de Arquitetura de São Paulo (2013) e recebeu o Prêmio Destaque 2018 da Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA) em 2019.