Prisões: Espelhos de nós aborda a tragédia do sistema carcerário brasileiro. O livro mostra como a pandemia evidencia a calamidade que domina as prisões em todo o país.
A incidência de Covid-19 em presídios é cinco vezes maior do que fora deles. Entre maio e junho de 2020, houve aumento de 800% nas taxas de contaminação nas prisões. Até julho de 2020, porém, a testagem da população prisional não chegava a 0, 5%.
Juliana Borges situa o impacto da pandemia na moldura mais ampla da política de encarceramento no país. O Brasil é o terceiro no ranking de nações que mais encarceram no mundo, com uma população de mais de 755 mil presos. Muitas prisões, contudo, são desnecessárias: mais de 30% dos presos ainda não foram sentenciados e a maior parte não está presa em razão de crimes graves.
O livro acrescenta a esse cenário desolador o problema estrutural do racismo. Cerca de 75% dos homicídios ocorridos todos os anos no Brasil atingem negros. Dentre a população carcerária, cerca de 60% é negra. Os negros constituem o ponto de ligação entre a maioria de presos, a maioria de assassinados e a maioria de mortos pela Covid-19.
O ensaio mostra, de forma enfática, como isso não é uma coincidência, mas parte de uma política de Estado executada todos os dias no país.
Sobre o autor
Juliana Borges é autora de Encarceramento em massa (2019). É consultora do Núcleo de Enfrentamento, Monitoramento e Memória de Combate à Violência da OAB-SP e conselheira da Iniciativa Negra por uma Nova Política sobre Drogas. Foi secretária adjunta de Políticas para as Mulheres e assessora especial da Secretaria do Governo Municipal da Prefeitura de São Paulo (2013-6).