A educação como ferramenta de insubordinação contra o assombro colonial, como instrumento de transgressão das hierarquias do poder. Este pode ser um breve resumo do que Luiz Rufino apresenta nesta coletânea de artigos sobre educação e descolonização. Pensada não para gerar conformidade, mas divergência, a educação é a força que possibilita o processo de descolonização. A partir dessas premissas Rufino levanta discussões relevantes e atuais sobre o processo educacional, além de apontar caminhos.
Nos sete artigos que compõe a obra, o autor traz para o centro do debate a descolonização como tarefa da educação, fala da importância da ‘desaprendizagem’, da educação como prática da liberdade, realiza o encontro entre Exu e Paulo Freire, fala da gira descolonial como uma contínua batalha do colonizado na tentativa de deslocar a ordem vigente, da escola do sonho, aquela que deve ser habitada pelo conflito, pelo questionamento e finaliza lembrando que brincadeira é coisa séria.
Se a escola tem sido ao longo do tempo um espaço estratégico para a propagação da agenda curricular colonial, ela é também um lugar necessário para a emergência da descolonização, principalmente por ser potente ao ‘cruzo’ de inúmeras práticas de saber, ser arrebatada pela imprevisibilidade e inventividade dos cotidianos e concentrar parte dos corpos políticos que, ao longo do tempo, são alvos dessa engenharia de destroçar vida e esperança.
Sobre o autor
Luiz Rufino é carioca, filho de pai e mãe cearenses, pedagogo e doutor em Educação. Desenvolve pesquisas sobre culturas brasileiras e tem nas esquinas, rodas, ruas, brincadeiras e matas suas principais fontes de interlocução. É professor da Faculdade de Educação da Baixada Fluminense (Febf) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e autor de diversos livros, entre eles ‘Pedagogia das Encruzilhadas’ (Mórula, 2019) e ‘Fogo no Mato: a ciência encantada das macumbas’ (Mórula, 2018) e ‘Flecha no Tempo’ (Mórula, 2019), ambos em parceria com o historiador Luiz Antonio Simas.