O presente livro é resultado de estudos desenvolvidos sobre a práxis educativa efetivada por diferentes sujeitos sociais escolares e não-escolares. Procuramos compreender os fundamentos e as tramas do fenômeno educativo na nova realidade forjada pelo desenvolvimento da sociedade capitalista, que tem exigido dos sujeitos sociais, ou melhor, ensinado a eles, uma nova forma de sentir, de pensar, de conhecer, de fazer e de ser. Nesse contexto, ocorre a emergência de um conceito que, embora não seja novo, ressurge no momento atual como uma das grandes referências para os educadores, qual seja: o de sociedade civil.
”Terceiro setor’, ‘cidadania’, ‘solidariedade’, ‘voluntariado’… Nas diversas reformas sociais e políticas, estes e outros termos são prontamente trazidos pelos lábios, carregados aos ouvidos. Quase sempre, mais confundindo que explicando, seduzindo antes de orientar. Entre essas palavras mágicas, tem se destacado a ‘sociedade civil’. Esta obra procura questionar os usos e sentidos que a sociedade civil tem tomado no projeto socioeducacional esboçado pela atual fase de desenvolvimento do sistema capitalista. Para tanto, investiga os fundamentos teóricos deste tão valioso signo ao longo da história moderna e contemporânea. Procura, por fim, desvelar algumas tramas percorridas pelas reformas na educação – na escola e para além dela – no Brasil e no mundo. Reformas que, sob a égide do capital e de seus interesses, ao apregoar o fortalecimento da ‘cidadania’ por meio do envolvimento da ‘sociedade civil’, realizam efetivamente desmantelamentos e devastações de consequências deveras preocupantes às classes subalternas.’
Sobre o autor
Marcos Francisco Martins: Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq e professor adjunto da UFSCar – campus Sorocaba. Graduado em filosofia pela PUC-Campinas, mestre e doutor em filosofia e história da educação pela FE-Unicamp, tem se dedicado a pesquisas sobre fundamentos da educação e sobre as intervenções educativas sociocomuni tárias, sob a perspectiva teórico-metodológica gramsciana. É autor de vários artigos, capítulos de livros e livros, entre eles: Ensino técnico e globalização: cidadania ou submissão? (Auto res Associados, 2000); Marx, Gramsci e o conhecimento: ruptura ou continuidade? (Au to res Associados, 2008); Introdução à Pesquisa em Educação (Biscalchin Editora, 3.ed em 2009).
Luís Antonio Groppo: Pesquisador do CNPq, professor do Programa de Mestrado em Educação do Unisal, professor do Unasp. Graduado em ciências sociais pela USP, mestre em sociologia e doutor em ciências sociais pela Unicamp. Tem se dedicado a estudos sobre sociologia e história das juventudes e movimentos estudantis, sociologia da educação, e outros. É autor de vários artigos, capítulos de livros e autor ou organizador de onze livros, entre os quais Juventude: ensaios sobre sociologia e história das juventudes modernas (Difel, 2000), Uma onda mundial de revoltas: movimentos estudantis de 1968 (Editora da Unimep, 2005), Autogestão, universidade e movimento estudantil (Autores Associados, 2006).