‘O pensador e o crítico estão presentes e passam a perna no romancista. Em cadernetas, os dois elaboram e desenvolvem anotações sob a forma de folhetins que deixam à mostra o longo processo de criação do romance brasileiro. Silviano Santiago decide expor ousadias e riscos, manobras e estratégias que surpreendem a solidez de obras canônicas da literatura dita universal por viés nevrálgico. O grande relógio nietzschiano diz que a cultura brasileira, e nela a literatura, recomeça hoje.
A Editora Nós entrega ao leitor o primeiro dos três ‘cadernos em andamento’ em que um dos nossos mais importantes autores contemporâneos repensa, e suplementa, a maturidade alcançada nos trópicos pela literatura brasileira. Parte de projeto contrastivo entre as obras de Machado de Assis e de Marcel Proust, ‘O grande relógio: a que hora o mundo recomeça’ visa a solicitar (‘abalar o todo’, etimologicamente) os fundamentos da literatura comparada eurocêntrica — a saber, as noções de influência, cópia e originalidade. Se viver é perigoso, avisa o ensaio em forma de alerta, desconstruir é ainda mais perigoso. Acolhamos Silviano Santiago em folhetim, em série e em processo.’
Sobre o autor
Silviano Santiago nasceu em Formiga (MG), em 1936. Sua vasta obra inclui romances, contos, poemas e ensaios. É professor emérito da UFF. É autor, entre outros, de Em liberdade (1981), Stela Manhattan (1985), Machado (2016) e Genealogia da ferocidade (2017). É vencedor de prêmios como o Jabuti e o Oceanos. Pelo conjunto de sua produção literária, recebeu o prêmio Machado de Assis da Academia Brasileira de Letras e o José Danoso, do Chile. Recebeu ainda o Prêmio Camões 2022.