O livro A Condição Vulnerável: A Perda do Sentimento de Existir aborda a questão da vulnerabilidade em três ensaios que se articulam com profundidade, sem jamais ignorar suas singularidades. A análise debruça-se, inicialmente, sobre a frieza e a indiferença instituída como modus vivendi e de forma multifacetada na lógica numérica e instrumental prevalente nas sociedades neoliberais contemporâneas. Em seguida, nos conduz pelas sequências de uma obra fílmica, nas quais a condição vulnerável é vista por meio da encenação de certos valores dessa sociedade, articulando a relação entre a violência dos sistemas institucionais e a maneira como o protagonista lida com ela, de sorte que a vulnerabilidade se torna signo de dignidade. Ultrapassando a perspectiva histórica e sociológica, nos leva, por fim, a vislumbrar essa precariedade como elemento ontológico e fundador da condição humana.
Despre autor
Claudine Haroche: Socióloga e antropóloga. Diretora de investigação no Centre National de la Recherche Scientifique (cnrs) na École des Hautes Etudes en Sciences Sociales (ehess)/Institut Interdisciplinaire d’Anthropologie du Contemporain (iiac). Publicou numerosos artigos sobre os efeitos das tecnologias digitais contínuas e aceleradas nas formas de sentir (em particular o sentimento de humilhação) e o futuro da interioridade, particularmente em face da obrigação de visibilidade. Recentemente trabalhou o humor como uma capacidade de distanciamento e uma forma de resistência ao confinamento em dentidades fixas, o identitarismo. Entre as suas recentes publicações estão: Claudine Haroche e M. Bahia Lopes, O Humor contra a Violência (Belo Horizonte, nehcit/ea ufmg, 2018 – a ser publicado em francês pela Presses Universitaires de Nanterre em março de 2023); Nicole Aubert e Claudine Haroche (dirs.), Les Tyrannies de la visibilité. Être visible pour exister?, em colaboração com Nicole Aubert (Toulouse, Éditions Érès, 2011, nova ed. 2020); ‘Le Devenir de l’intériorité’, em E. Fiat e J. C. Valmalette, Le Devenir de l’intériorité… à l’ère des nouvelles technologies (Le Bord de l’Eau, 2018); ‘L’Individu face à l’accélération et l’illimitation contemporaines’, em N. Aubert, @larecherchedutemps (Erès, 2018).
Mauro Rovai: Mestre e doutor em sociologia pela Universidade de São Paulo (usp). Atualmente é professor associado iv do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Sua principal área de interesse é sociologia (sociologia do cinema e do audiovisual). É autor dos livros Imagem, Tempo e Movimento (Humanitas/Fapesp, 2005) e Os Saberes de Si (Annablume/Fapesp, 2001). Recentemente, publicou ‘Não Morte, Pensamento e Vida em ‘O Filho de Saul”, Novos Estudos Cebrap, vol. 40, 2021 (com Rita Paiva); ‘Manhã Cinzenta: Sociologia e Cinema’, Revista Arte & Ensaio, vol. 26, 2020; e ‘Formas de Manifestação do Passado em Filmes de Alain Resnais: Aproximações Sociológicas’, Revista Brasileira de Ciências Sociais, vol. 33, 2018
Rita Paiva: Dados pessoais: Doutora em filosofia pela Universidade de São Paulo (usp) e professora no Departamento de Filosofia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Seus interesses estão voltados sobretudo para autores pertinentes à filosofia francesa contemporânea. Tem como recortes privilegiados de seus estudos e escritos os temas: criação, imaginação e subjetividade; filosofia e existência; filosofia e psicanálise freudiana. Publicou os livros Subjetividade e Imagem: A Literatura como Horizonte da Filosofia de Henri Bergson (Humanitas, 2005); Gaston Bachelard: A Imaginação na Ciência, na Poética, na Sociologia (Annablume, 2005); como organizadora, Filosofemas: Ética, Arte, Existência (Editora Unifesp, 2010). Entre os artigos mais recentes: ‘Não Morte, Pensamento e Vida em ‘O filho de Saul”, Novos Estudos Cebrap, 2021 (com Mauro Rovai); ‘O Humano Integral: Do Soberano Excesso ao Jogo em Bataille’, Revista Limiar, 2022; ‘Imagens de Exílio em Albert Camus’, Revista Exílium, 2022.
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