Quase um relato de sua própria experiência como prisioneiro condenado a trabalhos forçados na Sibéria, Dostoiévski descreve nesta obra-prima os sofrimentos físicos e mentais a que os detentos são submetidos, revelando a desumanização e cruel degradação que perpassam os sistemas prisionais em todos os tempos. Por meio do personagem Alexander Petrovitch Goriantchikov – condenado pelo assassinato da esposa – o mestre russo reconstrói o mundo concreto e psicológico que envolve a privação da liberdade, nos quais crimes e castigos, terror e resignação formam um conjunto assombroso da condição humana. Recordações da casa dos mortos possibilita ao leitor brasileiro tomar contato com uma obra definida por Tolstói como a ‘melhor em toda a literatura moderna’. Esta edição inclui a ‘Carta de Dostoiévski ao irmão Mikhail’, escrita logo após sua saída da prisão, na qual o autor descreve as agruras e descobertas de seu período como detento, revelando pormenores que serão, depois, apresentados neste livro magistral.
Despre autor
Fiódor Mikhailovitch Dostoiévski (Moscou/Moscovo, 30 de outubro de 1821 – São Petersburgo, 28 de janeiro de 1881) foi um escritor, filósofo e jornalista do Império Russo. É considerado um dos maiores romancistas e pensadores da história, bem como um dos maiores ‘psicólogos’ que já existiram (na acepção mais ampla do termo, como investigadores da psiquê).
Entre outros temas, a obra do autor explora o significado do sofrimento e da culpa, o livre-arbítrio, o cristianismo, o racionalismo, o niilismo, a pobreza, a violência, o assassinato, o altruísmo, além de analisar transtornos mentais, muitas vezes ligados à humilhação, ao isolamento, ao sadismo, ao masoquismo e ao suicídio. Pela retratação filosófica e psicológica profunda e atemporal dessas questões, seus escritos são comumente chamados de romances filosóficos e romances psicológicos.