‘Karen Blixen conduz seus personagens quase como se fosse a hábil condutora de marionetes que, de repente, adquirem vida própria e lhe fogem do controle, um pouco, talvez, como Deus e suas criaturas. Mas fica nelas uma bússola. […] Se a legenda viva de nobre europeia, que viveu na África dezessete anos, numa fazenda de café do Quênia, e que de certo modo se tornou black under the skin, lhe dá, por um lado, uma notoriedade fácil, por outro, erode-lhe as virtualidades propriamente literárias. Sucintamente, pode-se dizer que chegou à literatura pela porta dos fundos, quando abandonou a África e retornou à Europa contra sua vontade, por motivo de falência econômica. Foi esse evento o acontecimento central de sua vida e uma espécie de divisor de águas, que a fez ingressar na literatura. Outro tivesse sido o resultado econômico de sua aventura agrícola e talvez se tivesse perdido uma das maiores escritoras do século XX.’ (Trechos do ensaio A África perdida de Isak Dinesen, de Per Johns).
Despre autor
Karen Blixen nasceu em 1885, em Rungsted, Dinamarca, mas sua vida e carreira como escritora foi marcada em 1914, quando foi para a África. Recém-casada com o primo sueco, o barão Bror Blixen-Finecke, mudou-se com ele para uma fazenda de café no Quênia. Pouco depois, divorciada, Karen assumiu a administração da fazenda por mais dez anos, até que a seca e a crise do café a obrigaram voltar para Dinamarca. Ela adotou, então, o pseudônimo Isak Dinesen. Em 1946, para evitar dores abdominais, submeteu-se a uma cirurgia de medula. Em 1955, uma nova cirurgia de uma úlcera removeu um terço de seu estômago. Em 1959, viajou pelos Estados Unidos sendo homenageada e visitada por escritores como E.E. Cummings, Marianne Moore, Pearl S. Buck, Carson Mc Cullers e Arthur Miller. Karen Blixen morreu em 1962.