A vida começa mesmo aos 40? Quem levanta a reflexão para essa e muitas outras questões a respeito de uma das idades mais simbólicas do ser humano é o escritor e poeta Luis Maffei, que, no ano de seus 40 anos, escreveu 41 poemas, um para cada ano de sua vida, convidando os leitores a repensar suas existências. O livro sucede Signos de Camões, até agora principal realização poética de Maffei. Em 40, o autor, com uma visão larga e profunda, passa por importantes estágios da existência, como nascimento, primeira infância, aquisição da língua, escola, adolescência e boa parte da idade adulta. Em cada poema, um estágio da vida e muitas de suas inúmeras experiências. Identificação, reconhecimento e indagação fazem repensar a existência e estão inclusas no processo, não só de Maffei, mas de quem se depara com seus poemas. O livro sai do ano de 1974 e chega a 2014 trazendo, poema a poema, não apenas uma trajetória de vida, mas uma trajetória poética – a autobiografia é inevitável, e a memória que se constrói só há em partilha. Além disso, passeia por momentos históricos e datas festivas, com destaque para o Carnaval, período que marca a ocasião do nascimento do autor e, consequentemente, de seus aniversários, como é possível encontrar nos poemas ‘1974’, ‘1978’, ‘1992’ e ‘2003’. O Carnaval acaba por ser uma metáfora forte do livro, assim como o incêndio do Edifício Joelma, em São Paulo, ocorrido dias antes do nascimento do poeta: vida e morte, festa e tragédia, de braços dados. Neste conjunto orgânico, é possível ter contato com muitas maneiras de a poesia se constituir. A já conhecida maestria formal do autor, que explora e inova a sextina, o soneto e outras formas fixas, não ignora a potência do verso livre e, em certos poemas, uma experimentação que toca limites radicais.
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Luís Maffei
Professor de Literatura Portuguesa da Universidade Federal Fluminense. Possui graduação em Letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1999), mestrado (2003) e doutorado (2007) em Literatura Portuguesa pela mesma instituição – neste último, apresentou a tese DO MUNDO DE HERBERTO HELDER. Como ensaísta, publicou os livros DO MUNDO DE HERBERTO HELDER (Oficina Raquel, 2017), CIRANDA DA POESIA – MANUEL DE FREITAS POR LUIS MAFFEI (Ed UERJ, 2015), DESPEJO QUIETO – ENSAIOS SOBRE POESIA PORTUGUESA (Ed UFF, 2015) e, com Pedro Eiras, A VIDA REPERCUTIDA – UMA LEITURA DA POESIA DE GASTÃO CRUZ (Lisboa, Esfera do Caos, 2012). Organizou, em parceria com Diana Pimentel, ATÉ QUE – HERBERTO HELDER (Lisboa, Guilhotina, 2015); com Ida Alves, o livro POETAS QUE INTERESSAM MAIS – LEITURAS DA POESIA PORTUGUESA PÓS-PESSOA (Azougue); com Lilian Jacoto, SOLDADO AOS LAÇOS DAS CONSTELAÇÕES – HERBERTO HELDER (Lumme); e com Jorge Fernandes da Silveira, POESIA 61 HOJE (Oficina Raquel). É também poeta, tendo publicado, em 2006, A; em 2008, TELEFUNKEN; em 2010; 38 CÍRCULOS; em 2011, PULSATILLA; em 2013, SIGNOS DE CAMÕES; em 2015, 40; e, em 2016, VISTA DE OLIMPIA. Em 2012, estreou como contista com o livro CONTOS DA COLINA ? 11 ÍDOLOS DO VASCO E SUA IMENSA TORCIDA BEM FELIZ, escrito em parceria com Nei Lopes e Mauricio Murad. Coorganizou, com Mayara R. Guimarães, o livro de contos EXTRATEXTOS 1 – CLARICE LISPECTOR, PERSONAGENS REESCRITOS, no qual também participa como contista. Como ensaísta, tem textos publicados em diversas revistas, como METAMORFOSES, IPOTESI e VIA ATLÂNTICA, e as portuguesas COLÓQUIO/LETRAS, RELÂMPAGO, TELHADOS DE VIDRO e CADERNOS DE LITERATURA COMPARADA. Coordena, para a editora Oficina Raquel, a série PORTUGAL, 0, dedicada à novíssima poesia portuguesa. Pelo conjunto da obra, recebeu o prêmio Icatu de Artes – Literatura, 2013. É Sócio Benfeitor do Real Gabinete Português de Leitura do Rio de Janeiro.