No ano em que se comemoram os 100 anos da Semana de Arte Moderna, o premiado romancista Luiz Ruffato apresenta uma importante contribuição para a compreensão do desenvolvimento e consolidação das ideias modernistas no Brasil, por meio de uma abordagem sobre o movimento vanguardista ocorrido em Cataguases(MG). A revista Verde, lançada em 1927, reuniu em suas páginas o que de melhor e mais ousado havia em termos de produção literária naquele momento, com explícito incentivo, moral e financeiro de nomes como Mário de Andrade, Alcântara Machado, Prudente de Morais Neto e Oswald de Andrade, entre outros. Ao contrário do que até hoje a historiografia aborda como ‘fenômeno inexplicável’, Ruffato demonstra, de maneira cabal, que o surgimento desse movimento numa localidade do interior de Minas Gerais deveu-se a uma convergência de fatores econômicos, sociais e culturais. Na época, a aristocracia cafeeira de Cataguases estava se transformando em burguesia industrial e a sede do município, um núcleo urbano consolidado, agregava uma população em torno de 16 mil pessoas – Belo Horizonte, capital do estado, tinha cerca de 100 mil habitantes. Além disso, a cidade contava com ótimo sistema educacional e uma geração intelectual ávida por novidades, tanto na literatura (Rosário Fusco, Ascânio Lopes, Guilhermino César, Francisco Inácio Peixoto), quanto no cinema (Humberto Mauro). De certa forma, o movimento Verde marca o início do fim da fase heróica e radical do modernismo.
Despre autor
Luiz Ruffato – Autor de Eles eram muitos cavalos, Inferno provisório e O verão tardio, entre outros, seus livros ganharam os prêmios Machado de Assis, APCA, Jabuti e Casa de las Américas e estão publicados em 13 países. Em 2016 recebeu o Prêmio Internacional Hermann Hesse, na Alemanha.