De um lado, um alemão de vontade férrea; de outro, russos crentes em sua capacidade de invenção diante das situações mais adversas. Nesta novela de Nikolai Leskov, que retoma a antiga querela entre russos e alemães, somos interpelados por um estilo de escrita fluido e por uma ação intensa com toques de grotesco. Contemporâneo de Turguêniev, Tolstói e Dostoiévski, Leskov estava entre os preferidos de Anton Tchékhov, justamente pela sua capacidade de fazer um retrato vivo da vida popular. No entanto, sua fama de artesão da palavra só se espalhou pelo Ocidente muito depois, por meio do famoso ensaio O Narrador, de Walter Benjamin. Agora, a narrativa de Leskov tem a oportunidade de circular entre nós em traduções diretas do russo, de modo que o leitor brasileiro poderá captar melhor um pouco do sabor da ancestral ‘arte de narrar’ de que fala Benjamin.
Despre autor
Nikolai Semiônovitch Leskov nasceu em 1831 na província de Oriol, no sudoeste da Rússia europeia. É o primeiro dos grandes escritores russos do século XIX que não veio da aristocracia. Descendia de membros do clero e de comerciantes, por parte de pai, e da pequena nobreza, pelo lado materno. Teve educação formal pouca e sumária e antes de se dedicar à literatura, entra primeiro na carreira burocrática, depois se torna comerciante. No exercício da atividade comercial, Leskov viaja por toda a Rússia, conhecendo os tipos populares, suas anedotas, lendas e linguagem. Inicia a atividade literária na década de 1860, destacando-se nos contos e novelas: Lady Macbeth do distrito de Mtzensk (1865), O peregrino encantado (1873), O canhoto(1881). Entre seus mais importantes admiradores estão o escritor Anton Tchekhov e o ensaísta alemão Walter Benjamin. Leskov faleceu em 1895, em São Petersburgo.