Thomaz é uma viagem vertiginosa que nos arremessa para territórios extravagantes, na atmosfera instável de estados alterados de consciência, a nossa. Só nos resta ceder à correnteza torrencial da narrativa. Alex Machado inventou a literatura psicoativa, cuja fabulação ilimitada é refratária a códigos previsíveis, em cujo âmbito a imaginação é soberana e a verossimilhança, uma negociação tensa e inconclusa. Thomaz acena com o princípio de realidade com o fim de nos autorizar o prazer da leitura, hipnoticamente. Não se assustem com os clichês kitsh de cosmologias místicas. Muito mais virá assustá-los, surpreendê-los, revelando que a redundância não passa de matéria prima para um jogo criativo ousado. Em suma, Alex reinventou, a seu modo, a química destilada por autores como China Mieville e Philip Dick, cujas obras cabem no rótulo ‘ficção científica’, mas são melhor acolhidas na categoria weird literature. Vai, Thomaz, ser weird na vida para expandir nossa consciência.
Luiz Eduardo Soares, autor de ‘Meu casaco de General’ e ‘Elite da Tropa’ dentre outros livros
Об авторе
Formado em jornalismo pela UFRJ em 1992, e trabalhou em diversas revistas especializadas e hoje colabora com o Jornal Extra.