Nesta narrativa em quadrinhos Fernando Pessoa é visto a partir de sua obra e de uma carta em que ele explica ao amigo Adolfo Casais Monteiro o nascimento e vida de seus principais heterônimos — Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos — e do semi-heterônimo Bernardo Soares. O roteiro construído por Susana Ventura com base em textos históricos (cartas, obituários dos jornais de época) recebeu a leitura visual vertiginosa e genial de Guazzelli, em sua segunda incursão pela obra pessoana. O entusiasmo do quadrinista pela obra do poeta português gerou um curta-metragem de animação em formato de poema visual, o qual retrata o dia em que Fernando Pessoa virou imortal. Para isso Guazzelli também invocou seu ‘heterônimo’, que trabalha com animação há mais de vinte e cinco anos.
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Fernando Pessoa segundo Luís de Montalvor: ‘A sua passagem pela vida foi um rastro de luz e de originalidade. Em 1915 […] lançou o Orpheu, que tão profunda influência exerceu no nosso meio literário, e a sua personalidade foi-se depois afirmando mais e mais. Do fundo da sua ‘Tertúlia’ a uma mesa do Martinho da Arcada, Fernando Pessoa era sempre o mais novo de todos os novos que envolta dele se sentavam. Desconcertante, profundamente original e estruturalmente verdadeiro, a sua personalidade era vária, como vário o rumo da sua vida. Ele não tinha uma atividade ‘una’, uma atividade dirigida: tinha múltiplas atividades. Na poesia não era só ele, Fernando Pessoa; ele era também Álvaro de Campos e Alberto Caeiro e Ricardo Reis. E era-os profundamente, como só ele sabia ser. E na poesia como na vida. E na vida como na arte.
Susana Ventura é doutora em Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa pela Universidade de São Paulo. Como professora e pesquisadora das literaturas de língua portuguesa, tem trabalhado em diferentes universidades brasileiras, portuguesas e francesas ministrando cursos e palestras. Além disso, tem atuado ao lado de atores, músicos, grafiteiros, artistas plásticos e videoartistas em atividades que buscam levar a literatura a um grande número de pessoas. Foi consultora do Programa Mais Cultura do Min C em 2008 (formação de bibliotecas) e realizou as curadorias da exposição ‘Linguaviagem’ em 2010 (Itamaraty/Museu da Língua Portuguesa) e de diversos projetos do SESC SP desde 2007. Organizadora da I Jornada Luso-Brasileira de Literatura para Crianças e Jovens — Lisboa, 2010, o primeiro grande evento a discutir a literatura infantil e infantojuvenil brasileira em Portugal — e do Colóquio Internacional de Literaturas de Língua Portuguesa para Crianças e Jovens — Lisboa, 2011, ampliação da Jornada, contemplando as literaturas produzidas nos países africanos de Língua Portuguesa. Pesquisadora ligada ao Núcleo e Estudos Ibéricos da Universidade Federal de São Paulo e ao Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
Gaúcho de Vacaria radicado em São Paulo, Eloar Guazzelli é ilustrador, quadrinista, diretor de arte para animação e wap designer. Mestre em Comunicação pela ECA-USP, atua como quadrinista desde a década de 90 e tem trabalhos publicados em revistas da Argentina (Fierro e Lapíz Japones) e da Espanha (Ojo Clínico). No Brasil, publicou Túnel de letras, O rei de pedra, O primeiro dia, entre outros livros. Foi premiado no Yomiuri International Cartoon Contest (1991) e no Salão Internacional de Piracicaba em 1991, 1992 e 1994. Neste último ano, recebeu também o troféu HQ Mix na categoria Desenhista Revelação. Além desses, recebeu inúmeros outros prêmios em festivais de cinema, salões de humor e bienais de quadrinhos dentro e fora do Brasil, e participou de exposições em diversas partes do mundo.