Perdemos os dois marcos que outrora nos permitiram distinguirmo-nos dos deuses e dos animais. Não sabemos mais quem somos, nós humanos. E daí nascem novas utopias. Por um lado, o pós-humanismo alega negar nossa animalidade e nos tornar deuses, a quem a imortalidade é prometida pelas virtudes da tecnologia. Por outro lado, o animalismo nos quer animais como os outros, e convida outros animais a fazerem parte de nossa comunidade moral. Forgemos então uma nova utopia de acordo com nossos próprios moldes. Não procuremos mais negar as fronteiras naturais — aquelas que nos separam dos deuses ou dos animais — e defendamos um humanismo consequente, isto é, um cosmopolitismo sem fronteiras.
Об авторе
Francis Wolff nasceu na França em 1950. É filósofo e professor da École Normale Supérieure (Paris). De 1980 a 1984, lecionou Filosofa Antiga na Universidade de São Paulo. É autor de diversas obras, dentre as quais destacamos Sócrates (Brasiliense, 1982), Dizer o mundo (Discurso Editorial, 1999) e Aristóteles e a política (Discurso Editorial, 1999).