Negar-se a obedecer às ordens de um superior incompetente ou a leis injustas, resistir ao professor, ao padre, ao policial quando abusam de seu poder. O que torna a desobediência tão difícil? Frédéric Gros faz neste ensaio uma reflexão sobre um tipo de desobediência que exige esforço, que provoca o questionamento das hierarquias, mas também dos hábitos, do conforto, da resignação, para defender o que ele chama de democracia crítica.
Retomando uma trajetória que parte do pensamento antigo e do clássico Discurso da servidão voluntária, de La Boétie, passando por Thoreau e sua Desobediência civil e o caso Eichmann comentado por Hannah Arendt, entre outros, o autor nos faz descobrir que a verdadeira reflexão sobre a desobediência política depende da resposta à pergunta primordial: Por que obedecemos? A obediência busca estabelecer, sem limites, o domínio político, mas cria principalmente a cegueira e a aceitação do mundo, o medo da desordem sem julgamento. A desobediência só pode ser construída com a resistência ética e a democracia crítica.
‘Há muitas formas de desobedecer – e também de obedecer, cada uma com seu próprio teor ético e politico. O filósofo francês Frédéric Gros destrincha essas formas a partir de uma 'estilística da obediência', buscando a raiz da 'ética política' que dá sentido e razão aos atos de desobediência […]. Esse é o mote de Desobedecer.’
— Diego Viana, Quatro cinco um
Об авторе
Filósofo francês, Gros é formado pela École Normale Supérieure de Paris e defendeu em 1995 o doutorado em filosofia na Université Paris-Est Créteil (Paris XII), onde lecionou por mais de duas décadas. Estuda a filosofia francesa contemporânea e é um dos maiores especialistas na obra de Michel Foucault da atualidade. Desde 2013, é professor de teoria política no Institut d’Études Politiques de Paris (Sciences Po) e pesquisador do centro de pesquisas políticas da mesma faculdade. Alguns dos temas de pesquisa que mais lhe interessam são os fundamentos do direito de punir, as questões relacionadas à guerra e à segurança e a ética do sujeito político. Publicou, entre outros, os livros Le Principe sécurité (2012) e Possédées (romance histórico, 2016) e organizou o quarto volume da série História da Sexualidade, de Foucault: Les Aveux de la chair [As confissões da carne], publicado pela Gallimard em 2018.