Chama-se marxismo ocidental à corrente dos intelectuais de esquerda que expressaram reservas em relação ao socialismo autoritário e que concentraram a aplicação dos conceitos marxistas na análise dos temas da cultura, muito mais que na dos problemas econômicos. Expondo com detalhes as suas fontes – em Hegel e Marx –, os seus fundamentos – em Lukács e Gramsci – e as suas implicações – em Benjamin, Adorno, Horkheimer, Sartre, Althusser, Marcuse, Habermas, entre outros –, José Guilherme Merquior sustenta que a crítica cultural empreendida por tais pensadores foi, com variações de grau, abstrata e generalizante. O Marxismo Ocidental foi elogiado por John Gray, eleito ’livro do ano’ no Financial Times e editado em espanhol por Octavio Paz. Esta reedição inclui uma extensa galeria de fac-símiles de reportagens, cartas e manuscritos relacionados à obra.
Om författaren
Foi sociólogo, crítico literário e diplomata. Doutor em letras pela Sorbonne e em sociologia pela London School of Economics, também estudou antropologia com Claude Lévi-Strauss e graduou-se em filosofia e em direito. Foi um dos mais expressivos intelectuais públicos do Brasil durante as décadas de 1970 e 1980. Falecido precocemente aos 49 anos de idade, produziu ainda assim uma obra volumosa, composta por mais de vinte títulos. Escreveu extensivamente em português, inglês, francês e espanhol. Organizou com Manuel Bandeira a antologia Poesia do Brasil, integrou o corpo editorial de prestigiadas revistas acadêmicas – como Government and Opposition e Critical Review – e colaborou com veículos de imprensa como O Globo, Folha de S.Paulo e Jornal do Brasil. No exercício da diplomacia, trabalhou na Unesco (Paris), além de em Bonn (Alemanha), Londres, Cidade do México e Montevidéu. Teve entre seus amigos e interlocutores figuras de relevo, como Raymond Aron, Isaiah Berlin, Carlos Drummond de Andrade e João Cabral de Melo Neto. Notabilizou-se como um defensor do liberalismo econômico, ao mesmo tempo que se definia como ’anarquista em cultura e social-democrata em política’. É imortal da Academia Brasileira de Letras. Entre as notáveis homenagens póstumas que recebeu estão a coletânea editada por Ernest Gellner, seu antigo mestre e amigo, Liberalism in Modern Times – Essays in honour of José G. Merquior (Central European University Press, 1996) e o depoimento de Lévi-Strauss: ’Eu admirava em Merquior um dos espíritos mais vivos e mais bem informados de nosso tempo’