O tirano é um dos personagens mais duradouros da vida pública ocidental. Seu aparecimento remonta à época arcaica, coincidindo com o momento em que a sociedade grega experimentava novas soluções para os graves problemas que a afligiam. Nesse sentido, ele é filho do mesmo movimento que criou a democracia, tendo-se constituído com o passar dos tempos em seu oposto simétrico. Este livro se dedica a seguir o desenvolvimento dessa figura extrema da vida política em alguns momentos essenciais da cultura grega antiga. Partindo de uma de suas primeiras manifestações na poesia de Sólon e nas referências dos historiadores, encontra nas tragédias um marco importante para a definição do caráter ambíguo dos governantes ilegítimos como Édipo e Creonte. Uma parte significativa deste estudo se concentra, no entanto, na análise das obras de Aristóteles Platão e Xenofonte, pois foi nelas que veio à luz toda a complexidade dos regimes baseados na força, assim como as perversões e o poder de sedução do governante solitário. Partindo dessas análises, podemos compreender alguns aspectos do fascínio que a tirania exerce até hoje em atores determinantes de nossas vidas em comum.
Om författaren
Newton Bignotto é professor Titular de Filosofia da UFMG e pesquisador do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Defendeu sua tese de doutorado sobre Maquiavel em 1989 na École de Hautes Études en Sciences Sociales, Paris, sob a direção de Claude Lefort. Dentre outros publicou os seguintes livros: Matrizes do republicanismo. (2014); As aventuras da virtude (2010), Republicanismo e realismo. Um perfil de Francesco Guicciardini (2006); Origens do republicanismo moderno, (2001); Pensar a República (org.) (2000); O tirano e a cidade (1998); Maquiavel republicano (1991) e O Brasil à procura da democracia. Da proclamação da República ao século XXI (2020).