Entre os anos de 1927 e 1932, Walter Benjamin apresentou programas de variados gêneros em emissoras de rádio de Berlim e Frankfurt, que consistiam, em sua maioria, em palestras radiofônicas sobre livros e questões culturais. Entre elas, as chamadas ’peças radiofônicas'(Hörspiele), encontramse conferências, leituras literárias, resenhas de livros e histórias infantis. Ao todo, somam-se cerca de 86 programas com periodicidade variada, 60 dos quais ele mesmo se encarregou da leitura de apresentação. Propor uma programação que tivesse por interlocutores as crianças, no contexto do surgimento de uma nova tecnologia – o rádio, presente apenas há três anos no contexto alemão – dá-nos a dimensão do lugar ativo que Benjamin reserva às crianças na cultura, e da importância que a temática da infância ocupa em sua obra. Este livro reúne 29 textos que serviram de base para os programas radiofônicos, apresentando, de forma ’miniaturizada’ os grandes temas que atravessam a obra do autor: arte, técnica, política, cultura, história, memória e experiência. Trata-se de um esforço do filósofo em colocar em debate com as crianças temas que ele julga serem fundamentais à vida social. Nesse esforço, Benjamin reafirma sua tese de que, se por um lado, as crianças reivindicam o reconhecimento de suas especificidades, por outro, elas não constituem uma comunidade apartada da dinâmica social e de suas contradições. As crianças criam para si um mundo próprio, inserido num mundo maior, e o desafio para a construção de uma história em que as diferentes gerações possam se reconhecer em suas narrativas está justamente na busca de sentidos compartilhados à experiência da vida. Projeto Editorial: Rita Ribes Pereira Tradução: Aldo Medeiros
Innehållsförteckning
Nota à edição alemã
O dialeto berlinense
O comércio de rua e as feiras na Berlim antiga e moderna
O teatro de marionetes em Berlim
A Berlim demoníaca
Um menino nas ruas de Berlim
Passeio pelos brinquedos de Berlim – I
Passeio pelos brinquedos de Berlim – II
Borsig
As casernas de aluguel
T heodor Hosemann
Visita à fabrica de latão
Os ’Passeios pelo Marco de Brandenburgo’ de Theodor Fontane
Processos contra bruxas
Bandoleiros na antiga Alemanha
Os ciganos
A Bastilha, a antiga prisão nacional da França
Caspar Hauser
Doutor Fausto
Cagliostro
As fraudes em filatelia
Os bootleggers
Nápoles
A destruição de Herculano e Pompeia
O terremoto de Lisboa
O incêndio do teatro de Cantão
O desastre ferroviário da ponte do Rio Tay
A enchente do rio Mississipi em 1927
Histórias reais sobre cães
Um dia maluco
Om författaren
Walter Benjamin (1892-1940) foi um filósofo, ensaísta, crítico literário, tradutor e sociólogo judeu alemão. Deixou vasta obra literária, além de ter contribuído para a teoria estética, para o pensamento político, para a filosofia e para a história. Foi fortemente inspirado tanto por autores marxistas, como Bertolt Brecht, como pelo místico judaico de Gershom Scholem. Em 1919 defende seu doutorado com a tese intitulada ’O Conceito da Crítica de Arte no Romantismo Alemão’. De volta a Berlim publicou o ensaio ’As Afinidades Eletivas de Goethe’ (1922), onde faz importantes considerações sobre o papel do crítico. Em 1923 conhece Theodor Adorno e Siegfried Kracauer. Entre 1923 e 1925 trabalhou em sua obra mais ampla, o ensaio ’A Forma do Drama Barroco Alemão’. Em 1925 seu ensaio foi apresentado na Universidade de Frankfurt, mas lhe foi negada a licença profissional que lhe permitiria o acesso à docência do Departamento de Estética. Após a rejeição de sua tese de livre docência, iniciou uma ampla colaboração em jornais e revistas, entre elas a revista do Instituto de Pesquisa Social, mais tarde conhecida como ’Escola de Frankfurt’. Em 1933, com a ascensão do regime nazista, Emil Benjamin emigra para Paris. Em 1935, as revistas e jornais alemães não aceitam mais nenhum de seus artigos. A partir de 1937 recebe ajuda mensal do Instituto de Pesquisa. Sua tentativa de naturalização francesa não teve sucesso. Em 1939 foi destituído da cidadania alemã. Com a invasão nazista na França, tenta chegar à Espanha mas os espanhóis recusam seu visto. Vendo-se ameaçado de cair nas mãos dos nazistas, comete suicídio na fronteira franco-espanhola no dia 26 de setembro de 1940.