O percurso do processo de luto é marcado por idas e vindas – dias melhores, dias piores -, em que cada sujeito está tentando descobrir o que fazer com a perda, a falta e o vazio. O luto vai, volta, melhora, piora, avança, recua, flui, reflui. Estar de luto é estar em compasso de espera, ter paciência com a própria dor, aceitar a tristeza como parte da vida.
Neste livro, Carla Rodrigues aborda o problema do luto, tema que passou a tomar como central na filosofia política de Butler, deslocando-o de categoria clínica para categoria ético-política, sem abrir mão da interlocução com a psicanálise.
Estão reunidos aqui textos elaborados entre 2018 e 2020 e organizados em três partes: ‘Por que Judith Butler’, ‘Luto e despossessão’ e ‘Encontros feministas’. A primeira situa o/a leitor/a na maneira como a autora lê Judith Butler, funciona como introdução e guia de leitura para o próprio livro. A segunda discute mais diretamente os aspectos políticos do modo como a filósofa estadunidense faz do direito ao luto um modo de crítica primeiro à biopolítica e depois à necropolítica. A terceira retoma questões feministas que permanecem na obra de Butler. Carla encerra o volume com o ensaio ‘Do início aos fins do luto’, em que aborda sua experiência pessoal, articulação entre teoria e prática, entre ato e amor.
O luto, operador central da articulação entre ética e política que Carla Rodrigues persegue na obra de Butler, é também trabalho de elaboração pessoal de suas perdas.
เกี่ยวกับผู้แต่ง
Carla Rodrigues (Rio de Janeiro, 1961) é filósofa, escritora e tradutora. É professora de Ética no Departamento de Filosofia da UFRJ e pesquisadora no Programa de Pós-Graduação em Filosofia na mesma instituição. Desenvolve, com apoio da Faperj, o projeto ‘Judith Butler: do gênero à violência de Estado’, do qual esse livro faz parte. Coordena o laboratório Filosofias do Tempo do Agora, onde realiza pesquisas na intersecção entre Filosofia e Psicanálise.