Os limites entre ficção e história talvez nunca tenham se mostrado tão tênues quanto nesta obra de Emilio Franzina. Historiador profissional, o autor faz uso de sua extensa bagagem de pesquisas ao escolher o cenário da Primeira Guerra Mundial para desenvolver essa trama sobre a vida de um herói, a um só tempo, múltiplo e único. Múltiplo por se tratar de um personagem fictício, não nominado, que poderia ser, afinal, qualquer soldado em condições semelhantes; único, por sua vez, na medida em que, através da apresentação de diversos detalhes de sua vida pessoal, leva o leitor rapidamente a sentir-se íntimo, cúmplice de sua trajetória. Essa aproximação é bastante reforçada pela narrativa em primeira pessoa, a qual, com seu caráter envolvente de romance histórico, além de prender a atenção do começo ao fim, fornece uma vasta gama de dados factuais sobre o episódio do empreendimento bélico que se desenrolou na Itália entre 1914 e 1918. Brasileiro de nascimento, filho de emigrantes italianos, o protagonista é um jovem cujo sonho de conhecer o país de seus progenitores acaba levando-o a alistar-se voluntariamente no exército italiano, a fim de entrar na guerra contra a invasão austro-húngara. Cartas, autobiografias e documentos oficiais servem de base para a criação desse personagem que, apesar de fictício, reflete a real situação de muitos daquela época: jovens sonhadores que encontraram seu trágico fim na guerra, tornando-se, cada qual a seu modo, heróis ocultos dos livros de História.
เกี่ยวกับผู้แต่ง
Emilio Franzina é professor catedrático de história contemporânea na Universidade de Verona. Estudioso de história social e cultural dos séculos XIX e XX, dedicou-se principalmente a escritos populares e sobre emigrações, sobre as quais publicou, entre outros, ‘Merica! Merica! Emigrazione e colonizzazione nelle lettere dei contadini veneti in America Latina (1876-1902)’ (Feltrinelli, 1979) e ‘Gli italiani al nuovo mondo. L’emigrazione italiana in America (1492-1942)’ (Mondadori, 1995). Pela editora Donzelli organizou, com Piero Bevilacqua e Andreina De Clementi, a ‘Storia della emigrazione italiana’ (2001-2002, 2 vol.).
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