Reunindo raridades garimpadas ao longo de dez anos, antologia revela que o conto é praticado no Brasil muito antes do que se pensava. Além de textos de autores consagrados como Machado de Assis e José de Alencar, a coletânea resgata a obra de escritoras do século XIX que caíram no esquecimento. A versão eletrônica traz as mesmas ilustrações do livro impresso.
Eles são mais curtos que um romance ou uma novela, surgiram a partir de narrativas transmitidas de geração em geração, transitaram pelo fantástico, pela lenda de cunho histórico, abordaram modos e costumes e também se alimentaram de intrigas. Esse tipo de texto literário, que hoje é identificado como conto, foi praticado – mais do que se imagina – por muitos escritores e escritoras brasileiras ao longo do século XIX. Em pleno Romantismo, o gênero foi se fixando no cenário das letras nacionais mostrando facetas bem mais diversas – e interessantes – do que tradicionalmente se confere à produção literária do período. Isso é o que revela a seleção inédita de textos preparada por Hélio de Seixas Guimarães e Vagner Camilo, ambos professores de Literatura da Universidade de São Paulo.
A antologia O sino e o relógio é fruto de um trabalho de pesquisa e coleta minuciosa que durou mais de dez anos. Com ênfase em material raro, publicado apenas na imprensa da época, a coletânea abrange autores hoje esquecidos, porém relevantes no século XIX, e traz obras assinadas por nomes geralmente associados a outros gêneros e atividades, como os poetas Fagundes Varela e Casimiro de Abreu, o editor Francisco de Paula Brito e o dramaturgo Martins Pena.
Entre as raridades da coletânea estão histórias escritas por mulheres, algumas pouco conhecidas hoje, como Corina Coaracy e Escolástica P. de L, ao lado de Nísia Floresta e Maria Firmina dos Reis. O conto de Coaracy, Conversações com minha filha: a mulher literata, é um surpreendente diálogo em que são expostas críticas à literatura praticada por mulheres. Outro aspecto interessante e incomum de O sino e o relógio é a inclusão de dois contos anônimos. Ao todo são 25 narrativas publicadas entre 1836 e 1879.
Recuperando aspectos tipográficos do século XIX, o livro eletrônico acompanha o projeto gráfico do livro impresso, trazendo todas as ilustrações e ornamentos. Ambos os projetos têm a autoria e o desenvolvimento de Laura Lotufo.
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O conjunto dos escritores aqui presente é tão variado quanto os temas de que tratam. Assim, fazem parte da antologia o jornalista Justiniano José da Rocha, o historiador João Manuel Pereira da Silva, o dramaturgo Martins Pena, o poeta Casimiro de Abreu. É notável que o garimpo dos organizadores, entretanto, foi além dos nomes mais canônicos do Romantismo, como José de Alencar, Bernardo Guimarães, Joaquim Manuel de Macedo e Visconde de Taunay. Também traz nomes menos conhecidos do público, como o das autoras Corina Coaracy, Nísia Floresta e Maria Firmina dos Reis, além de autores anônimos, em textos que, aqui resgatados, também dão mostra do espírito da época.