Razão e sensibilidade é um livro baseado nas emoções das personagens femininas. A história tem como núcleo a família Dashwood – a Sra. Dashwood e suas filhas Elinor, Marianne e Margaret. Começa com o Sr. Henry Dashwood, em seu leito de morte, obrigando John Dashwood, filho de seu primeiro casamento, a prometer que irá tomar conta de suas meias-irmãs depois que ele morrer. No entanto, influenciado pela esposa, John não dá nenhum apoio financeiro às irmãs, que logo são obrigadas a mudar-se da casa do pai para um modesto chalé. Na nova vizinhança, travam conhecimento com diversas pessoas que acabam influenciando as suas vidas de diferentes maneiras. E veem a chegada do amor para Marianne e Elinor. Se a primeira se entrega a uma paixão que pode queimar suas asas, Elinor corre o risco de perder seu amor por excesso de sensatez, justificando o título do livro e suscitando a pergunta: Razão e sensibilidade – uma equação impossível?
Primeiro romance publicado por Jane Austen, Razão e sensibilidade (1811) é considerado uma das grandes obras-primas do s. XIX. Com história atraente, intrigante e até certo ponto divertida, o livro já anunciava o talento da autora para criar personagens autênticos e para descrever, com ironia e precisão, os costumes de sua época.
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Jane Austen – Em uma chuvosa quarta-feira de janeiro de 1813, Jane Austen (1775-1817) escreveu a sua irmã Cassandra contando que, naquela manhã, havia recebido seu ‘filho querido vindo de Londres’, na casa que elas compartilhavam na aldeia de Chawton, em Hampshire. O visitante era ‘inteligente, leve e cintilante’, indivíduo de quem – apesar de carecer de certa seriedade – Jane estava bastante orgulhosa e com o qual estava muito satisfeita. O filho em questão, é claro, não era uma pessoa, e sim um livro: uma cópia antecipada da primeira edição de Orgulho e preconceito.
Ela comemorou revezando com a mãe a leitura dos primeiros capítulos; sua única plateia, um vizinho pobre. Um acontecimento singelo, esse deve ter sido, naquela casa semiocupada. Originalmente escrito entre 1796 e 1797 (com o adequado título de First Impressions) e inspirado pelo cotidiano agitado no presbitério de seu pai (dos oito filhos, seis eram homens), Orgulho e preconceito reflete a rivalidade natural entre os irmãos, os teatrinhos amadores da infância da autora e as brincadeiras mais sérias de que ela participou mais tarde, já moça (envolvendo parentes ricos e pretendentes designados). Uma exibicionista acanhada, por assim dizer, suas personagens – Jane Bennet, a virtuosa irmã mais velha e confidente de Lizzy, a heroína do romance; a intragável Sra. Bennet; Sr. Collins, o clérigo inábil; para não mencionar o distinto Sr. Darcy – conservam o mesmo brilho de quando nos foram apresentadas pela primeira vez.
Os anos que se seguiram – de penúria financeira, luto e decepções amorosas – lhe foram desfavoráveis, e Austen muito rapidamente passou de criança precoce a tia solteirona. Em 1811, no entanto, já era uma escritora aclamada, reescrevendo suas primeiras histórias e publicando uma obra-prima por ano até o fim de sua curta vida.
Jane Austen brincou certa vez ao comparar sua escrita à arte de um miniaturista: ‘[…] um pedacinho de marfim no qual trabalho com um pincel tão fino e que produz pouco efeito depois de tanto esforço’. A adaptação de Orgulho e preconceito por Ian Edginton e Robert Deas reproduz o charme ‘inteligente, leve e cintilante’ do sofisticado original.