Dia 1º de janeiro de 2011. Na virada do ano, Leuk e Leão, escritores e etnólogos, recebem um e-mail em forma de desafio: o retrato de pele negra que olha para eles da tela é o de Luzia, reconstituído a partir de um crânio encontrado em terras brasileiras. Uma mulher negroide, no ‘Novo Mundo’, cerca de treze mil anos atrás?! A surpresa e a excitação logo despertam seu instinto de investigadores: e lá vão eles se lançar em uma viagem de cinco mil quilômetros, de ônibus, Brasil afora e adentro, do Rio de Janeiro a São Luís do Maranhão.
Ágil e rigorosa, a narrativa de sua jornada desvela fascinantes complementos à história oficial, que esquece tantos e tanto: os homens e as mulheres que encontram têm em comum o fato de serem negros, descendentes de pessoas escravizadas; de terem participado, com sua coragem, criatividade e resistência, da construção da(s) identidade(s) e da(s) alma(s) brasileira(s); e de terem ficado na sombra, ou à margem.
Um taumaturgo siciliano (São Benedito), a santa da máscara de flandres (a escrava Anastácia), um boxeador campeão de arte bruta (Arthur Bispo do Rosário), o advogado das quinhentas vitórias (Luís Gama), um escultor de cabeças de açúcar (Caetano Dias), a rainha literária das favelas (Carolina Maria de Jesus), o vencedor da fome (Beato José Lourenço), o dragão dos mares (Francisco José do Nascimento) e o imperador das liberdades (Negro Cosme) são algumas das personalidades excepcionais evocadas por Jean-Yves Loude. Cintilantes pepitas de ouro negro nas águas tantas vezes lamacentas da história brasileira.
เกี่ยวกับผู้แต่ง
Jean-Yves Loude
Escritor e etnólogo francês, consagra a maior parte de sua criação ao mundo lusófono. Seus livros são investigações sobre as memórias reprimidas da África: Le roi d’Afrique et la reine mer (O rei da África e a rainha-mar, 1994); Cabo Verde: notas atlânticas (1999); Lisboa na cidade negra (2003) e Coup de théâtre à São Tomé (Golpe teatral em São Tomé, 2007). Cada uma dessas narrativas funciona como um romance policial em que se investiga o apagamento, nunca inocente, de uma memória, e se revelam facetas surpreendentes da história. Sobre o Brasil, publicou também Planète Brasília (Planeta Brasília, 2008).