Edição traduzida e condensada por Maria Alice de A. Sampaio Doria.
Após a Guerra de Secessão, os Estados Unidos entram num longo período de paz, o que preocupa demais os membros do Clube do Canhão. Afinal, o que farão das suas vidas sem nenhuma guerrinha para exercitar todas as suas habilidades e conhecimentos bélicos, principalmente na criação de balas e canhões?
Mas a monotonia não dura muito, pois o excelentíssimo Sr. Impey Barbicane, presidente do Clube do Canhão, já tem um plano muito bem traçado para o futuro. Um plano que literalmente vai da Terra à Lua. Todos os membros do clube são convocados para trabalhar em prol dessa ideia, construindo um canhão capaz de lançar um projétil tripulado até a Lua. Mas eles não contavam com alguns pequenos, porém complicados, problemas.
Da Terra à Lua é mais uma das obras visionárias do escritor Júlio Verne. Escrita em 1865 — exatamente 104 anos antes de o homem pisar na Lua —, esta obra prova mais uma vez a genialidade desse escritor cuja imaginação vai além da órbita terrestre.
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Desde criança, Júlio Verne (1828-1905) já demonstrava espírito aventureiro. Tanto que seu maior passatempo era ouvir as histórias dos velhos marinheiros que perambulavam pelo cais do porto. Aos onze anos, arriscou-se numa primeira aventura. Fugiu de casa e se escondeu num navio cargueiro. Mas não passou da primeira escala do navio: seu pai o descobriu, e a aventura terminou com uma inesquecível surra de chicote.
Seu pai, cujos planos para o futuro do filho eram bem diferentes dos sonhos de Júlio — vê-lo formado em Direito —, não lhe deu outra opção a não ser estudar e tornar-se excelente aluno. No entanto, mesmo com os pés no chão, sua cabeça continuou viajando pelo mundo. Sua matéria predileta era geografia, e seu caderno vivia cheio de desenhos de mapas.
Quando jovem, Júlio Verne mudou-se para Paris, onde ignorou completamente os conflitos que aconteciam na França pós-Napoleão e participou ativamente da vida boêmia da cidade. Ficou amigo de grandes autores, como Victor Hugo e Alexandre Dumas.
Outra grande amizade que mudou a vida de Júlio Verne foi a do fotógrafo Félix Nadar, um apaixonado por balonismo, que o introduziu nessa mania francesa da época.
Júlio Verne escreveu então um romance sobre balonismo, que apresentou ao editor Jules Hetzel, um velho amigo de Nadar. E assim foi publicado o primeiro livro do escritor: Cinco semanas em um balão.
Em decorrência do sucesso da obra, Hetzel propôs a Júlio Verne um contrato de dois livros por ano, prontamente aceito e cumprido ao longo de quarenta anos.
Numa noite de 1905, já com setenta e sete anos, pediu à esposa que lhe trouxesse um exemplar de Vinte mil léguas submarinas, abraçou-se a ele, perguntou pelos filhos, fechou os olhos e morreu.