Lucía Puenzo narra a história de três meninos de rua recrutados por um ex-policial para cometer delitos. Corrupção, desamparo, violência e desigualdade social são temas centrais da obra literária, que também exalta a inocência da infância. A escritora e cineasta argentina estará no Brasil em outubro para o Festival do Rio 2023 e o lançamento do livro.
‘É assustador pensar como as crianças estão constantemente em perigo’, diz a professora em A idade da inocência, de François Truffaut. Na cena final, durante uma memorável conversa com seus alunos, ela diz que um adulto que não está feliz pode recomeçar, mas uma criança infeliz está indefesa. E acrescenta: ‘De todas as injustiças da humanidade, a injustiça contra as crianças é a mais desprezível’.
Este novo romance da escritora e cineasta portenha Lucía Puenzo, aborda o tema da infância roubada a partir da perspectiva de dois adolescentes e um menino de seis anos que, vivendo nas ruas de Buenos Aires, são recrutados por indicação de um ex-policial que se tornou segurança privado, para realizar uma série de delitos em residências de luxo em Buenos Aires e em Punta del Este, no Uruguai.
Aos 46 anos, Puenzo é um nome em evidência na Argentina e transita com igual desenvoltura entre a literatura e o cinema. Em 2010, teve um conto seu selecionado para a primeira edição de Os Melhores Jovens Escritores em Língua Espanhola da prestigiosa revista literária inglesa Granta. Um de seus romances mais conhecidos, O médico alemão, foi adaptado ao cinema, e a autora também ficou à frente do roteiro e da direção do longa, que arrematou 11 prêmios cinematográficos em festivais ao redor do mundo.
Com seu longa-metragem de estreia, XXY, venceu o Prix de Jeunesse (Prêmio da Juventude) no Festival de Cinema de Cannes de 2007, além do Prêmio Goya de Cinema na categoria Melhor Filme Estrangeiro.
Um livro comovente e trágico sobre a vulnerabilidade da infância e a responsabilidade que cabe aos adultos.
Os invisíveis é também o título do curta-metragem que Puenzo dirigiu em 2005 a partir de uma história que ouviu de dois meninos de rua, e que só agora transpôs para um texto literário. Puenzo fez o caminho inverso do que costuma acontecer em seu processo de criação artística, Desta vez, o roteiro do filme surgiu antes da obra literária.
‘Há muitos anos, quando ainda estudava cinema e literatura, conheci um pequeno grupo de meninas e meninos de rua que atuaram no curta-metragem de um amigo. Eu era a roteirista daquele curta e dois deles me procuraram para me contar que tinham histórias muito melhores do que a que estávamos filmando. Propus nos encontrarmos uma vez por semana para que me contassem aquelas histórias. Em um ano tínhamos nosso roteiro, que intitulamos ‘Os invisíveis’, que filmamos logo depois. Jamais esquecerei nem a escrita nem aquela filmagem, em que entendi que, além de escrever, queria continuar dirigindo minhas histórias.’, recorda a autora.
No livro tão literário quanto cinematográfico, dois adolescentes e uma criança indefesos e inteligentes sobrevivem às constantes ameaças que circulam nas ruas, onde se fala de um médico que anda pelo Onze, bairro pobre de Buenos Aires, cuidando das crianças, oferecendo casa e comida em troca de passar uma noite com elas; onde as meninas são levadas para o Norte e nunca mais voltam; onde policiais usam as crianças como bucha de canhão.
เกี่ยวกับผู้แต่ง
Lucía Puenzo (Buenos Aires, 1976) é escritora e cineasta. Formou-se em Letras e estudou no Instituto Nacional de Cinema (INCAA) de Buenos Aires. É autora de vários romances, roteirista de longas-metragens, documentários e minisséries para TV. Em 2015, sua série de TV CROMO foi selecionada como a única participante latino-americana na recém-criada seção Prime Time do Festival de Cinema de Toronto. O trabalho mais recente de Puenzo vai do cinema à televisão e inclui O médico alemão (Wakolda), bem como a exibição na Amazon Original de La Jauría (A Matilha). Pela Gryphus Editora lançou O menino peixe (2009) e O médico alemão (2014).