‘Esau e Jacob’, publicado em 1904, é uma das obras-primas de Machado de Assis, que transita entre o realismo e o simbolismo, refletindo a complexidade da condição humana. O romance narra a relação conflituosa entre os gêmeos Pedro e Paulo, cujas rivalidades são um microcosmo das tensões sociais e políticas do Brasil do século XIX, em especial o confronto entre diferentes classes sociais e visões de mundo. A prosa de Machado é marcada por uma ironia sutil e uma profundidade psicológica que revelam os conflitos internos dos personagens, enquanto a narrativa se desenrola em um ambiente urbano, enriquecido por uma crítica mordaz à hipocrisia da sociedade carioca da época. Machado de Assis, um dos maiores escritores da literatura brasileira, foi um autor autodidata que, devido às suas experiências de vida como detrator da elite, esteve imerso nas questões sociais e raciais do Brasil. Ele frequentemente explorou temas como a desigualdade e a ambiguidade moral, o que se reflete na dinâmica entre os irmãos e suas aspirações contrastantes em ‘Esau e Jacob’. O contexto histórico durante a escrita da obra, marcado pela transição da monarquia para a república, também influenciou suas reflexões sobre identidade e pertencimento. Recomendo ‘Esau e Jacob’ a todos os leitores que buscam uma análise profunda da natureza humana e das interações sociais, além de uma rica reflexão sobre as tensões entre o individual e o coletivo. A obra não apenas destaca o talento indiscutível de Machado de Assis, mas também provoca uma reflexão crítica sobre o Brasil de sua época, permanecendo relevante e provocativa para as discussões contemporâneas.