‘Quem vai te contar essa história é uma criança de 11 anos. O olhar fresco e bem-humorado de quem ainda vê a vida como mistério está aqui, mas vá por mim: não subestime a solidão de Maria Carmem.
A aprendiz de escritora, enfrentando as angústias da ‘pior idade do universo’, irá te provar que é possível, sim, que uma menina seja mais solitária do que um velho. Ao menos uma menina que, como ela, cresce e cria suas perguntas entre os objetos de uma ‘loja de velhos’. Ali elas já nascem antigas, frescas e pesadas, doce feito da mais dura poesia. Maria Carmem nasceu no fim. Sendo assim, do que interessa a idade? Como ela mesma diz, ‘é possível que um lápis pareça estar novo, mas todo quebrado por dentro’.
É assim, toda quebrada por dentro, que ela desconstrói o mundo diante de si, o mundo adulto que cria regras e não as obedece, o mundo escolar, tudo: ‘na aula de matemática o problema dizia que um menino e uma menina precisavam calcular quantas laranjas levar ao parque se os convidados meninos comiam tantas e as meninas só mais tantas cada uma.
E eu escrevi que não era pra levar nenhuma, que tudo é mentira, ninguém vai junto a parque nenhum nessa vida’. É também assim que ela junta e faz pergunta e faz poesia com tudo o que se ergue e desmorona, os pais, deus, o amor, o corpo, a morte, o difícil que é entender o amor dos outros.
Quando crescer, Maria Carmem vai ser escritora. Mas Maria Carmem já cresceu e já é. Esse livro é uma generosidade de sua poesia. Uma oportunidade de a gente crescer com ela.’
เกี่ยวกับผู้แต่ง
Mariana Salomão Carrara nasceu em São Paulo, é escritora, defensora pública e vencedora do Prêmio São Paulo de Literatura de 2023. Se deus me chamar não vou (2019) ficou entre os dez romances finalistas do Prêmio Jabuti. Dela, a Editora Nós publicou também É sempre a hora de nossa morte amém (2021), romance finalista do Prêmio São Paulo de Literatura e semifinalista do Prêmio Jabuti.