Em busca de reconhecimento literário e para escapar das acusações de libertinagem e depravação, Marquês de Sade produziu diversas novelas que dialogam com as regras de pudor e decência do século XVIII
Acusado de promover orgias, praticar abusos sexuais e provocar danos físicos, Sade, autor de Aline e Valcour, A filosofia na alcova e 120 dias de Sodoma passou longos anos da vida encarcerado. Na prisão, produziu várias obras, entre as quais Eugénie de Franval – Novela trágica.
À época da primeira edição, Eugénie de Franval teve um trecho inteiro suprimido – um episódio do encontro incestuoso entre pai e filha – que foi mantido nesta tradução.
A novela vem acompanhada de um ensaio do escritor acerca da história e das características do gênero romance e de um posfácio do tradutor André Luiz Barros, professor de Teoria da Literatura da UERJ.
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Donatien Alphonse François de Sade passou quase metade de seus 74 anos de vida encarcerado sob acusação de promover orgias, praticar abusos sexuais e provocar danos físicos. Só assinou duas obras durante a vida – além de Crimes do amor, o romance epistolar Aline e Valcour (1795). O período de cinco anos que passou na Bastilha terminou em 1789, poucos dias antes de o presídio ser invadido pelos revolucionários. Sade, que via na queda da monarquia a possibilidade de surgimento de uma época de liberdade irrestrita, se engajou na nova ordem, mas seria preso de novo durante o período do Terror. Mais tarde, também o regime de Napoleão o jogaria na cadeia. Durante o século XIX, a obra e a pessoa de Sade foram submetidas ao esquecimento forçado, embora manuscritos clandestinos circulassem por mãos célebres como as de Stendhal e Flaubert. Somente no século XX a literatura de Sade voltou à luz, atraindo o interesse de pensadores como Georges Bataille, Theodor Adorno e Simone de Beauvoir.