Qual é a relevância para os dias atuais do estudo de antigos conceitos, categorias e termos relativos às mestiçagens biológicas e culturais associadas à escravidão? As respostas a essa pergunta são apresentadas ao longo deste livro, direta e indiretamente. O passado mestiço e escravista ibero-americano, entre o fim do século XV e o início do século XIX, é estudado a partir das formas como foi nomeado, compreendido, explicado e organizado pelos agentes históricos que o constituíram e de um grande conjunto de documentos que eles produziram e legaram ao futuro. Grandes categorias sociais, como ‘qualidade’, ‘condição’, ‘cor’, ‘nação’, ‘raça’ e ‘casta’, assim como as designações ‘índio’, ‘branco’, ‘negro’, ‘preto’, ‘crioulo’, ‘mestiço’, ‘mameluco’, ‘caboclo’, ‘mulato’, ‘pardo’, ‘zambo’, ‘cabra’, entre outras, são analisadas a partir dos significados a elas atribuídos no passado. Surge daí uma história americana conectada, pensada em perspectiva comparada, que expõe matrizes do que somos e de como nos identificamos hoje, indicando, também, alterações e rupturas importantes ocorridas, sobretudo, na segunda metade do século XIX e início do século XX, que muito nos diferenciam de nossos antepassados.
Yazar hakkında
Eduardo França Paiva
Doutor em História pela Universidade de São Paulo, professor do Departamento de História e do programa de Pós-graduação em História da Universidade Federal de Minas Gerais, pesquisador associado ao Centre des Recherches sur les Mondes Américains, École des Hautes Études en Sciences Sociales – Paris.