A pandemia não é em si mesma o acontecimento — eis a hipótese de que parte este livro. O acontecimento, precipitado pela conjunção de isolamento preventivo e uso exacerbado de tecnologias digitais, é a ‘torção’ dos sentidos por meio dos quais nos imaginamos próximos ou distantes de tudo o que nos rodeia. Entre esses sentidos contam-se o amor, a viagem, o estudo, a comunidade e a arte. É pelo ângulo dessa hipótese, que é também uma provocação existencial e um desvio epistêmico, que muitas das questões sobre a crise do coronavírus são abordadas por João Pedro Cachopo. De que modo a pandemia está transformando nossa vida? Como podemos e devemos n os posicionar ética, política e artisticamente perante essas transformações? No que toca às consequências desta emergência sanitária, em particular às que decorrem do aprofundamento da revolução digital, estamos tanto sujeitos ao acontecimento quanto somos sujeitos dele.
Yazar hakkında
João Pedro Cachopo nasceu em Lisboa em 1983. É musicólogo e filósofo. Lecciona na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, onde integra o Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical. É o autor de Verdade e enigma: ensaio sobre o pensamento estético de Adorno (Vendaval, 2013), que recebeu o Prémio Primeira Obra do PEN Clube Português em 2014, e coeditou Rancière and Music (Edinburgh University Press, 2020), Estética e política entre as artes (Edições 70, 2017) e Pensamento crítico contemporâneo (Edições 70, 2014).