Os chamados livros ‘apócrifos’ ou ‘pseudepígrafos’, entre os quais estão os Atos dos Apóstolos Apócrifos e, entre estes, os Atos de André, foram classificados como ‘falsos’ e ‘hereges’ pela Igreja. Embora oficialmente rejeitados, cópias e fragmentos deles acabaram sobrevivendo e chegaram até nossa época, em parte por causa de sua ampla circulação, o que demonstra que foram apreciados de modo considerável por certos grupos cristãos. Apesar do rótulo negativo que receberam, eles são muito importantes como uma parte negligenciada da história do cristianismo primitivo, pois são fontes para o estudo dessa história e ilustram como certos grupos cristãos antigos pensavam e viviam a sua fé. Atos de André, datado do século II, integra essa história e nos brinda com um enredo interessante, até por ser curioso e estranho ao nosso gosto contemporâneo, que nos desafia a melhor avaliação da história do cristianismo das origens, de quanto essa história, como tradicionalmente concebida, é reducionista e parcial, uma vez que nos foi contada de uma perspectiva posterior, aquela das relações da Igreja cristã com os poderes imperiais.
Yazar hakkında
Jonas Machado é doutor em Ciências da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo, com pós-doutorado em História Antiga pela Unicamp, tendo realizado estágio em Israel e na Universidade de Oxford, Inglaterra. É também mestre em Teologia e professor de línguas bíblicas, exegese, hermenêutica e disciplinas relacionadas ao judaísmo antigo e cristianismo primitivo na Faculdade Teológica Batista de São Paulo.