Em A Família Medeiros, Julia Lopes de Almeida desenvolve uma trama temperada por romances, intrigas, mistérios, violências e críticas sociais.
Otávio Medeiros, retorna ao seio de sua família após muitos anos de estudo na Europa. Logo ao chegar, o jovem encanta-se pela prima, Eva, uma moça culta e de ideias progressistas, que passara a viver na casa de seu pai, o comendador Medeiros, depois que ficou órfã.
A história, ambientada no interior paulista no período pré-abolicionista, ilustra a vida dos ricos fazendeiros escravocratas. Fugas e rebeliões de escravos, em luta pela sua liberdade, se contrapõem à violência e crueldade dos barões do café. É chocante a maneira como os escravos e as mulheres eram tratados naquela época. E Julia Lopes de Almeida, mostra bem este lado que ainda hoje temos dificuldades de acreditar que aquilo podia ser ‘o normal’.
Escrito entre os anos de 1886-1888 o romance somente veio a público em 1891, como folhetim no jornal Gazeta de Notícias. A recepção positiva dos leitores levou a publicação do texto como livro no ano seguinte.
Esta reedição, baseada no original publicado em 1892, teve a ortografia atualizada e conta com notas explicativas, para termos e palavras fora de uso.
O prefácio foi escrito por Juliana Gervason, professora, escritora e pesquisadora. Pós doutora em Literatura e Contemporaneidade (PUC Rio) e Doutora em Literatura Brasileira (UFJF).
Yazar hakkında
Julia Lopes de Almeida (1862- 1934) nasceu no Rio de Janeiro e morou em Campinas (SP) da infância até a juventude, onde, com o incentivo da família, publicou as primeiras crônicas, aos 20 anos, na Gazeta de Campinas. Sua produção literária é ampla, composta de crônicas, contos, peças teatrais, novelas e romances.
Julia era defensora da educação feminina, do divórcio e da abolição do regime escravocrata, temas presentes em suas obras.
Em 1887 casou-se com o poeta português Francisco Filinto de Almeida e tiveram seis filhos: Affonso (jornalista, poeta e diplomata), Adriano e Valentina (ambos falecidos na infância), Albano (desenhista e pintor), Margarida (escultora e declamadora) e Lucia (pianista).
Embora tenha sido uma das idealizadoras da Academia Brasileira de Letras, Julia não foi aceita entre seus membros pois o regimento da época só permitia homens. Mas foi reconhecida pela Academia Carioca de Letras que a homenageou com a cadeira 26, sendo a única mulher entre os 40 patronos.