Já no título, este livro nos instiga. ‘Peomas’ é o quarto livro de Leandro Jardim, autor também de ‘Todas as vozes cantam’, ‘Os poemas que não gostamos dos nossos poetas favoritos’ e ‘Rubores’. Novamente, o poeta, contista, letrista e compositor oferece ao leitor, a partir de um competente exercício de metalinguagem, a oportunidade de se pensar ludicamente a literatura. Sim, Leandro é daqueles autores que encaram a escrita como um ofício (ainda que lúdico e prazeroso) e em cuja obra podemos entrever um projeto, um pensamento sobre o próprio fazer literário. Em seus livros há sempre uma hipótese do que pode vir a ser a poesia, a literatura, a autoria. Em Todas as vozes, por exemplo, a sugestão de que basta estar na linguagem para ser poeta. Agora, em ‘Peomas’, a insinuação é a de que a poesia pode estar no simples rearranjar dos signos. E se não é nova a hipótese (já tão levada a cabo por movimentos de vanguarda como o surrealismo e a pop-art) de que o que resta ao artista hoje é combinar e recombinar aquilo que já foi dito afim de que outros sentidos sejam produzidos, é única (e agradabilíssima ao leitor) a maneira como Jardim a testa ao longo deste novo livro. (Eu tenho escrito peomas, / debruçado-me em porsas/ e parcas cançeõs/ alheias; tenho buscado o torto, o novo, /o alterado/desses sentimentos/iguais; tenho encontrado no erro/ outro efeito:/um certo/prazer em conhecê-lo).
Em dias em que muitos potetas, (ops!, poetas) se protegem debaixo do enorme guarda-chuva de neomarginais, o leitor poderá encontrar, em meio a tanta oferta, este livro belo e maduro, fruto de um trabalho competente e de uma sensibilidade única e intransferível.
Yazar hakkında
É um escritor e letrista carioca. Formado em comunicação e pós-graduado em engenharia de produção. Professor na área de gestão, atualmente é mestrando em administração pela PUC-Rio. Publicou os livros A angústia da relevância (Romance, 2016), Peomas (poesia, 2014) e Rubores (contos, 2012); além de outros dois de poesia: Os poemas que não gostamos de nossos poetas preferidos (2010) e Todas as vozes cantam (2008).