Prêmio Bartolomé Hidalgo na categoria Testemunhos.
Pepe Mujica, Mauricio Rosencof e Eleutério Fernández Huidobro não eram prisioneiros: eles eram reféns da ditadura cívico militar que tomou o poder no Uruguai em 1973. Se as famílias fizessem denúncias no exterior, se os companheiros Tupamaros atentassem contra os militares, se um resgate fosse tentado, os três reféns seriam executados.
A comida era pouca, às vezes nenhuma. O frio intenso. Quando queriam ir ao banheiro, eram amarrados, encapuzados, e habitualmente espancados no trajeto. De tão precárias as condições, apegaram-se ao capuz, o mesmo que os vendava, e o utilizavam de travesseiro, de coberta, mantinham-no limpo, da forma como era possível em condições tão insalubres.
Comunicar-se era definitivamente proibido. Ainda assim, batendo os dedos contra a parede, num código morse improvisado, conversavam, lutavam, militavam, jogavam xadrez.
Finalmente libertados, em 1985, Mauricio Rosencof, o Russo, e Eleutério Fernández Huidobro, o Nhato, colocam-se diante de um gravador para narrar todo o vivido naqueles 12 anos. Pepe Mujica, futuro presidente do Uruguai, editou o livro. Eduardo Galeano escreveu o prefácio. Assim publica-se a primeira edição de ‘Memórias do Calabouço’, livro fundamental para se compreender as ditaduras sul-americanas.
Yazar hakkında
Maurício Rosencof é dramaturgo, romancista, poeta e jornalista. Fundador da União da Juventude Comunista e líder do Movimento de Libertação Nacional – Tupamaros (MLN-T), em 1972 foi preso e torturado. Após o golpe de 1973, foi declarado ‘refém’ junto com outros oito militantes, entre eles José Pepe Mujica. A permanência neste estado significava morte imediata se algum ato externo ameaçasse a segurança das Forças Armadas. Depois de doze anos de prisão, ele foi libertado em 1985, quando a lei de anistia foi promulgada.
Eleuterio Fernández Huidobro, o ‘Nhato’, foi um político, jornalista, escritor e guerrilheiro uruguaio. Foi Ministro da Defesa Nacional durante a presidência de José Mujica e a segunda presidência de Tabaré Vázquez. Nascido em Montevidéu, filho de imigrantes espanhóis, foi um dos fundadores e principais dirigentes do Movimento de Libertação Nacional – Tupamaros na década de 1960. Feito prisioneiro em 8 de outubro de 1969, fugiu da prisão de Punta Carretas junto com outros 110 presos em setembro de 1971. Foi novamente preso em 1972 e passou 12 anos na prisão durante a ditadura cívico-militar. Foi libertado em 1985.