As elegias de Sexto Propércio são grande poesia, grandeza de que um Ezra Pound foi sabedor. Propércio foi contemporâneo de expoentes como Virgílio e Horácio – foi amigo deles e, como eles, privou da amizade de Mecenas, patrono das letras, que os punha em contato com o próprio imperador – e, ao lado de Tibulo e Ovídio, integra a tríade de poe-tas elegíacos da época de Augusto. Com tudo isso, a poesia de Sexto Propércio é menos conhecida no Brasil que a dos amigos e decerto menos conhecida que a de Ovídio, porque, entre outros motivos, faltava um trabalho como o de Guilherme Gontijo Flores, provavelmente o primeiro tradutor em verso de toda a poesia de Propércio em português, e também porque faltava uma publicação como a que o leitor agora tem em mãos, que lhe oferece já não alguns excertos ou certas escolhas, por excelentes e certos que sejam, porém a totalidade dos poemas, que mais de uma vez dialogam entre si, dispostos na mesma precisa ordem em que se dispunham nos quatro livros, tais como o poeta os designara. O livro de poesia, se para o leitor antigo já era objeto apreciado, para o poeta era, antes, o universo que ele constelava com poemas meticulosamente compostos e dispostos. Não obstante o rigor crítico que parece subjazer toda a recolha, de que o mesmo Pound é campeão, só a tradução integral pode revelar a poética dos poemas no livro e a poética dos livros entre si.
Yazar hakkında
Sexto Propércio nasceu por volta de 50 a.C., em uma família nobre da Úmbria (região próxima à atual Assis). Devido às guerras civis, sua família perdeu parte das terras, que foram confiscadas por Otaviano e Marco Antônio, o que levou a família ao empobrecimento, mas não à miséria. O poeta perdeu seu pai ainda jovem, mas recebeu a educação formal da elite, provavelmente em Roma. Ainda jovem voltou-se para a poesia. Em 29 a.C. é publicado seu primeiro livro de elegias, talvez intitulado Amores, mas comumente conhecido como Cynthia Monobiblos, dedicado a sua amada Cíntia, e que parece ter feito sucesso imediato. Em seguida, entre 26-23 a.C., Propércio publica os livros II e III, talvez sob o patronato de Mecenas. Por fim, o livro IV, talvez sob o patronato do próprio Augusto, sai por volta de 16 a.C. Acredita-se que ele tenha falecido em 15 a.C., com cerca de 35 anos.