‘Cartas de Inglaterra’, de Eça de Queirós, é uma obra singular que mistura crítica social e crônica de viagem, escrita em forma de letras dirigidas a um amigo em Lisboa. Publicadas originalmente em 1901, essas cartas são um retrato vívido da sociedade inglesa da época, explorando as diferenças culturais e as nuances da vida cotidiana. O autor, com seu estilo mordaz e irônico, revela tanto a admiração quanto a perplexidade em relação à sociedade britânica, abordando temas como industrialização, classe social e moralidade, tudo isso com um olhar atento e perspicaz. O contexto literário da obra é marcado pelo realismo e pela crítica ao materialismo, característica marcante da época de Eça, que dialoga diretamente com o cenário europeu do final do século XIX e início do século XX. Eça de Queirós, um dos maiores escritores da literatura portuguesa, teve uma vida marcada por experiências multiculturais que influenciaram profundamente sua obra. A sua estada em Inglaterra, onde se familiarizou com as tradições, costumes e o modo de vida inglês, forneceu-lhe a base para uma análise crítica que culmina nas ‘Cartas de Inglaterra’. Eça, também diplomata e intelectual, sempre buscou retratar a sociedade com uma visão crítica, ao mesmo tempo que mantinha uma profunda sensibilidade estética. Recomendo ‘Cartas de Inglaterra’ a qualquer leitor que deseje aprofundar-se nas nuances da crítica social e na complexidade da cultura europeia no século XIX. A obra é acessível, mas rica em insights, e proporciona uma leitura que desafia e encanta, convidando à reflexão sobre questões que ainda reverberam na atualidade. Eça de Queirós, através de suas cartas, oferece uma visão aguda e eloquente, tornando-a uma leitura fundamental para amantes da literatura e estudiosos da cultura.