Franz Kafka começou a registrar um diário em 1909, aos vinte e seis anos, e prosseguiu até 1923, meses antes de morrer. Pela primeira vez seus diários são apresentados ao leitor brasileiro em tradução direta do alemão e numa edição integral, baseada na mais moderna edição crítica. Este primeiro volume traz as anotações de 1909 a 1912 – justamente o período inicial da carreira profissional de Kafka, tanto na companhia de seguros quanto na literatura. O que emerge das páginas é a quintessência do gênio que se descortinará, mais tarde, em seus perturbadores e perturbados protagonistas, de Gregor Samsa, de ‘A metamorfose’, a K., de ‘O processo’.
Про автора
Franz Kafka nasceu em Praga, filho de pais judeus de classe média. Sua infância e adolescência foram marcadas pela figura dominadora do pai, que mais tarde apareceria em sua obra associada tanto à opressão quanto à aniquilação da vontade humana. De 1901 a 1906, Kafka estudou Direito na Universidade de Praga, onde conheceu seu grande amigo – posterior biógrafo e depositário de sua obra – Max Brod. Em seguida, passou a freqüentar os círculos literários e políticos da pequena comunidade judaico-alemã. Concluído o curso, empregou-se em 1908 numa companhia de seguros, como inspetor de acidentes de trabalho. Apesar da competência profissional, Kafka sempre sentiu o toque da insatisfação no emprego, pois ele o impedia de dedicar-se totalmente à atividade literária. Afligido pela tuberculose, Kafka submeteu-se a longos períodos de repouso a partir de 1917, vindo a morrer em 3 de junho de 1924, em Kierling, perto de Viena. As obras-primas de Kafka, ‘O processo’ e ‘O castelo’, só seriam publicadas por Max Brod após sua morte. Carregada de uma ambiguidade onírica e levando as situações de absurdo existencial a limites jamais alcançados, a obra kafkiana – adjetivo que virou conceito na literatura ocidental – influenciou movimentos artísticos inteiros, como o surrealismo, o existencialismo e o teatro do absurdo.