O ‘Auto dos mistérios da virgem ou Auto de Mofina Mendes’ (c. 1524) é constituído por um prólogo e por três partes. O prólogo recai nas mãos de um Frade, que inicia um sermão de carácter jocoso. Este sermão (num latim macarrônico) tem, apesar do toque humorístico vários objetivos: contrastar a gravidade religiosa do Mistérios, aludir à incapacidade de se decifrar os enigmas da Natureza, colocar as questões do livre- arbítrio e de predestinação, afirmando que a insensatez humana reside no esquecimento das virtudes cristãs. De facto, o discurso não é uma simples crítica contra os pregadores de então, ou sátira da escolástica medieval (o que terá motivado a censura de 1586 e 1624). Mofina Mendes está ao serviço de um dos dois pastores (Paio Vaz e André), que iniciam a moralidade. Mofina é a ‘infelicidade mesma’: só acontecem desastres à jovem pastora, perdendo os animais que devia ter guardado. Mesmo assim, o patrão paga-lhe com um pote de azeite. A jovem contente, põe-se a dançar e parte o pote. O auto termina com uma Natividade e com a adoração ao menino Jesus no Presépio, por parte da Virgem, de José, das damas de honor, do Anjo e dos pastores. É Jesus que fará os homens saírem da sua condição desgraçada. Adaptação de Alexandre Azevedo para a peça Auto dos mistérios da virgem ou Auto de Mofina Mendes, de Gil Vicente.
Про автора
Alexandre Azevedo (Belo Horizonte, Minas Gerais, 1965) é um cronista, teatrólogo, romancista, contista, ensaísta e autor de livros infantis, além de um dos maiores colecionadores de arte naïf do Brasil. Atualmente reside em Ribeirão Preto, São Paulo. Alexandre Azevedo é casado com Elisa Bechuate Azevedo (escritora e consultora de etiqueta e comportamento), com quem tem três filhos, Fernanda, Clarissa e Pedro Alexandre.
Publicou mais de 100 obras, algumas delas elogiadas, comentadas e prefaciadas por autores como Luís Fernando Veríssimo, Ziraldo, Manoel de Barros, Lourenço Diaféria, Isaias Pessotti, Carlos Herculano Lopes, Affonso Romano de Sant'Anna, Adelino Brandão, Márcio José Lauria e Carlos Augusto Segato. Dos programas que participou, destacam-se o do ‘Programa do Jô’ e da Rádio Senado, comandado pela escritora Margarida Patriota.