Quais foram as contribuições de Karl Marx ao que chamamos hoje de ecossocialismo? O pensador alemão analisava a relação entre homem e natureza? É possível construir o socialismo em planeta arrasado?
A obra do filósofo Kohei Saito, além de ser uma contribuição essencial para os debates sobre a contradição entre um sistema capitalista e a preservação da natureza, é um minucioso estudo da evolução dos trabalhos de Marx em relação ao tema homem e natureza. Saito apresenta ao leitor o caminho traçado por Marx para abandonar a ideia de que a produtividade agrícola poderia aumentar indefinidamente no socialismo.
‘Se em 1844 Marx demonstrava preocupação com a cisão entre ser humano e natureza impulsionada pelo capitalismo, em 1865 escrevia a Engels sobre seu interesse em química e fertilidade do solo. A partir dessa análise, Marx nos entrega elementos para a discussão de ruptura metabólica que nos permite questionar os limites ecológicos do sistema capitalista e, ao mesmo tempo, criticar os impactos da agricultura em larga escala’, diz Sabrina Fernandes no prefácio da obra.
O trabalho de Saito não tem como objetivo afirmar que toda e qualquer análise de Marx partia de uma visão ecossocialista e sim servir de ferramenta às contribuições feitas por ele à época. ‘O princípio do ecossocialismo de Karl Marx existe porque ‘o socialismo de Marx prevê uma luta ecológica contra o capital’. Se entendermos ecossocialismo sob essa luz, a verdade é que nem todo socialismo é ecossocialismo, mas seria um avanço se fosse’, pontua Fernandes.
Про автора
Kohei Saito é professor associado de economia política na Universidade de Osaka, no Japão. É também membro do conselho editorial internacional do projeto Marx-Engels-Gesamtausgabe. Em 2018, venceu o Deutsche Memorial Prize com a obra Karl Marx’s Ecosocialism: Capital, Nature, and the Unfinished Critique of Political Economy. Além disso, é autor também de Hitoshinsei no Shironron, obra que já vendeu 250 mil cópias no Japão.