Há 100 anos, em um pequeno texto de aproximadamente 80 páginas, Wittgenstein apresentava toda a problemática de sua filosofia, tecendo comentários sobre a natureza do mundo, da lógica, da matemática e da essência da linguagem, além de algumas considerações a respeito da natureza da filosofia, da filosofia da ciência, da ética, da religião e do místico. O que chama atenção nesta obra, para além das questões fundamentais, é o estilo de escrita utilizado por ele. Ainda que considerada exótica para os padrões exigentes da época, ela constitui um dos poucos destaques da prosa filosófica alemã. Sua forma de escrever corresponde a sua visão de mundo, às exigências de clareza e exatidão, assim como na boa música, onde cada nota precisa estar no lugar certo. Tudo isto se aplica com mais propriedade ao Tractatus Logico-Philosophicus, pois é nessa obra que os elementos principais que caracterizam a escrita Wittgensteiniana atingiram o mais elevado grau de aperfeiçoamento e simetria arquitetônica. Ao adotar o aforismo como estilo de escrita, Wittgenstein não estava apenas afrontando diretamente o modelo vigente em sua época, mas, antes, estava sendo fiel às suas próprias convicções, ou seja, seguindo sua própria natureza artística. O aforismo faz alusão à exata afinação do timbre de sua voz; tudo o que estivesse fora dessa perspectiva deveria ser abandonado, pois poderia ser prejudicial a sua ‘afinação’, sendo causa de erro e tormento. Ramsey, Frege, Fann, Black e Stroll foram unânimes em classificar o Tractatus como uma das obras mais desafiadoras da filosofia. Com isso, Wittgenstein exemplifica, não somente em sua obra escrita, mas em sua própria personalidade, como é a filosofia: difícil e profunda.
Про автора
LÉO PERUZZO JÚNIOR
Pós-Doutor em Filosofia pela Università Ca´ Foscari, Venezia, Itália. Doutor em Filosofia pela Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC. Atualmente é professor do Programa de Pós-Graduação em Filosofia na Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR e professor na FAE Centro Universitário e na Faculdade Vicentina – FAVI. É professor visitante na Universidade Timor Lorosa´e, em Díli, Timor Leste. Publicou diversos artigos e livros, entre os quais estão O que pensam os filósofos contemporâneos? (Editora PUCPRess, 2016), Wittgenstein: Perspectivas (CRV, 2ª Ed., 2020), Realidade, Linguagem e Metaética em Wittgenstein (PUCPRess, 2018), Filosofia da Linguagem (PUCPRess, 2017), entre outros.
EDIMAR BRÍGIDO
Doutor em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná. É professor e coordenador do Curso de Filosofia da Faculdade Vicentina; Professor e coordenador do curso de Pós-Graduação em Ética e Direitos Humanos da Faculdade Vicentina; Professor de Filosofia do Direito no Centro Universitário Curitiba (UNICURITIBA) e na Faculdade Pan-Americana (FAPAD). É membro do Comitê de Ética e Pesquisa do Unicuritiba. Tem trabalhado com as disciplinas de Filosofia do Direito, Filosofia da Linguagem, Filosofia da Ciência e Ética. É autor dos livros: Wittgenstein: a ética e a constituição do gênio (2018); Jean Calas: no Tribunal da Intolerância (2018); Padre Cícero: Para Fazer Valer a Justiça e a Verdade (2019); A revolução do pensamento feminino (2021). As pesquisas em desenvolvimento têm sido nucleadas em torno do pensamento do filósofo Ludwig Wittgenstein, além de temas como: ética, política, democracia, direito, direitos humanos e linguagem. É líder do Grupo de Pesquisa: Pós-positivismo em perspectiva, no Centro Universitário Curitiba.
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