Segundo romance escrito por Machado de Assis, publicado em 1874, embora não tenha toda grandiosidade das obras mais famosas, merece posição de grande destaque. A história se desenrola de maneira agradável, interessante e até cômica. A crítica à sociedade e seus interesses, ainda mais fortes à época do que hoje, dão a tônica deste livro. Apesar de a obra ser enquadrada na fase ‘romântica’ do autor, em vez dos recursos clássicos do Romantismo – enredos rocambolescos, plenos de coincidências, reviravoltas, surpresas e suspenses – Machado prefere um texto contido, minimalista em termos de trama, de análise psicológica, e com uma elegância estilística que foi se aperfeiçoando até atingir seus píncaros na chamada ‘fase realista’. Apenas nas últimas linhas deslinda-se o título, escolhido de forma rigorosa pelo autor e que sintetiza o intuito da obra.
Про автора
Joaquim Maria Machado de Assis é um dos maiores escritores da língua portuguesa de todos os tempos. Considerado o pai do Realismo brasileiro, cujo marco inicial é seu romance Memórias póstumas de Brás Cubas (1881), o autor tem importância fundamental na constituição da literatura brasileira. Nascido em 1839, no Rio de Janeiro, pobre, descendente de escravos, gago e epilético, saiu de casa aos 16 anos, quando começou a trabalhar em jornais na capital carioca como aprendiz de tipógrafo. No emprego, conheceu Manuel Antônio de Almeida, autor de Memórias de um sargento de milícias. Sua primeira fase literária é constituída de obras como Ressurreição, A mão e a luva, Helena e Iaiá Garcia, onde notam-se características herdadas do Romantismo, ou ‘convencionalismo’, como prefere a crítica moderna. Em 1897, fundou a Academia Brasileira de Letras, onde ocupou o posto de presidente por dez anos. Machado deixou como legado uma obra de valor incalculável.