Esta é a orelha do livro/ por onde o poeta escuta/ se dele falam mal/ ou se o amam’, diz Carlos Drummond de Andrade, predileto de Nuno Ramos, em seu ‘Poema-orelha’. Aqui, na orelha deste livro, poderíamos declarar, sem falso pudor nem reticência, o quanto gostamos de Autor e obra, mas não poderíamos dizer o que o livro é, sem traí-lo em sua natureza própria.
De fato, olhando bem, os textos que o compõem em sua unidade tão estrita quanto desatada não são contos, nem poemas em prosa, nem crônicas, nem ensaios, nem crítica, nem romance, nem autobiografia etc., sendo, no entanto, tudo isso e mais uma coisa incerta e não-sabida, que o leitor nomeará. Uma vasta fantasia antropológica? Uma crítica da percepção?
Про автора
Nuno Ramos nasceu em São Paulo, em 1960. Escreveu os livros Cujo (1993) e O pão do corvo (2001), Minha fantasma (2000), edição do autor; Ensaio Geral (2007) e O mau vidraceiro (2010); Ó (2009, prêmio Portugal Telecom Melhor Livro do Ano) e Junco (2011, prêmio Portugal Telecom Melhor Livro de Poesia), pela Iluminuras.