A partir das centenas de diários preenchidos ao longo da vida, o escritor argentino reconstrói seus anos de juventude com fabulação e fervor. Uma aposta na literatura.
Em 1957, o adolescente Ricardo Emilio Renzi Piglia, morador de uma cidade nas cercanias de Buenos Aires, começou a escrever um diário. A princípio não parecia haver muita coisa para contar. Pequenas anedotas de família, a descoberta do amor, o cotidiano tedioso da Argentina do seu tempo, as primeiras grandes amizades, o entusiasmo pelos livros.
Nos dez anos cobertos pelo volume, tempo decisivo entre o ingresso na universidade e a publicação de seu primeiro livro, A invasão, Piglia abraçou o anarquismo, se viu às voltas com algumas namoradas (que o despedaçaram emocionalmente) e, sobretudo, fez da leitura um ato criativo e da escrita uma forma de leitura mais potente. Também aparecem as bebedeiras, as longas caminhadas por uma Buenos Aires repleta de cafés e livrarias, o cinema (Godard e James Bond), Jorge Luis Borges, a política. Tudo reconstruído com a mão segura de um grande ficcionista.
Estes diários (que podem ser lidos como um monumental romance de formação) são escritos por Emilio Renzi, alter ego que Ricardo Piglia elegeu em diversos livros para dar voz às suas obsessões. É a história de um artista quando jovem tentando encontrar o seu lugar no mundo, entre erros e acertos. Um livro central para o nosso tempo, escrito numa prosa altamente literária que não abdica da discussão de ideias, do prazer do texto e da imaginação mais poderosa.
Про автора
Ricardo Piglia nasceu em Adrogué, na Argentina, em 1941. Ficcionista e crítico, é autor de Respiração artificial, um dos melhores romances latino-americanos dos últimos 50 anos, e foi professor emérito da Universidade de Princeton. Morreu em Buenos Aires em janeiro de 2017.