Há quem diga que nos menores frascos estão os melhores perfumes e que de médico e louco todo mundo tem um pouco. O que uma coisa tem a ver com outra? Nada. Mas o novo livro de Rubem Fonseca parece apostar nas duas máximas. Se o conto é, por definição, uma narrativa curta, uma célula dramática, aqui isso foi levado às últimas consequências, optando-se pela extrema concisão nas quase quarenta histórias que agora chegam a público. Estas Histórias curtas, por vezes curtíssimas, tratam de assuntos também extremos, como a velhice, o excesso de peso e todo tipo de decadência humana — tema que vem sendo explorado pelo autor em seus últimos livros.Novidade mesmo é a ênfase toda especial dada à loucura e às suas variadas nuances. Esquizofrênicos que tomam choque elétrico, um sujeito que se apaixona por uma árvore, um palhaço que destrambelhou, gente que se sente perseguida e é internada compulsoriamente por apresentar uma desordem mental qualquer são os personagens mais recorrentes desta coletânea.Prestes a completar noventa anos de vida, Rubem Fonseca parece estar sempre disposto a procurar novos temas e formas de fazer o que ele faz melhor: escrever bons contos, aumentando ou diminuindo suas histórias.
Про автора
RUBEM FONSECA
nasceu em 1925 e faleceu em 2020, pouco antes de completar 95 anos, deixando uma contundente obra com trinta livros, entre os quais romances, novelas, coletâneas de contos e O romance morreu, que reúne crônicas publicadas no Portal Literal. Entre seus principais títulos estão Lúcia Mc Cartney (1969), O caso Morel (1973), Feliz Ano Novo (1975), O cobrador (1979), A grande arte (1983) e Agosto (1990). Em 2013 publicou, pela Nova Fronteira, o volume de contos Amálgama, vencedor do prêmio Jabuti de sua categoria. Ainda recebeu outras cinco vezes o Jabuti; em 2003, os prêmios Juan Rulfo e Camões; e, em 2015, o Machado de Assis, concedido pela ABL, pelo conjunto da obra. Seu último livro publicado em vida foi a antologia de contos Carne crua, de 2018.