Romance explosivo, de enfrentamento existencial, escrito numa linguagem vertiginosa e seca, ao mesmo tempo lírica e cortante, Azul e dura, publicado pela primeira vez em 2002, foi a estreia literária de Beatriz Bracher e abriu as portas para a sua produção posterior, que inclui os premiados Antonio (romance, 2007) e Meu amor (contos, 2009). No centro dessa narrativa encontra-se Mariana, uma mulher de quarenta e dois anos, filha da alta burguesia paulistana e residindo no Rio, que distraidamente atropela e mata uma garota do seu bairro. Alguns anos depois, numa estação de esqui na Suíça, ela tenta entender, por meio de uma narrativa baseada em velhas anotações, o contexto do acidente e a crise moral que ele desencadeou, bem como o fim de seu casamento com um bem-sucedido advogado.
Drama íntimo por excelência, Azul e dura é também a luta de uma mulher angustiada para romper com sua classe social, seus valores perversos e a hipocrisia que os sustenta. Com isso, temas mais amplos, como o patriarcalismo, são colocados lado a lado a outros, como as traições do marido e o quase alcoolismo da narradora. Milton Ohata, que assina o texto de orelha desta segunda edição, observa ainda que ‘Azul e dura parece pressupor 1964 como o ponto de inflexão histórica do Brasil contemporâneo. Muito da deriva de suas personagens terá a ver com esse fato. Embora limpa de autocomiseração, Mariana não chega a articular uma acusação do ambiente em que foi criada. A fragilidade da personagem é acolhida pela consciência da fragilidade do ato de narrar. Dessas duas fragilidades resulta a força discreta da prosa de Beatriz Bracher’.
Giới thiệu về tác giả
Beatriz Bracher nasceu em São Paulo, em 1961. Formada em Letras, foi uma das editoras da revista de literatura e filosofia 34 Letras, e uma das fundadoras da Editora 34, onde trabalhou de 1992 a 2000. Com seu pai e Marta Garcia, fundou em 2019 a Chão editora, da qual é conselheira editorial. Publicou em 2002, pela editora 7Letras, o romance Azul e dura (reeditado pela Editora 34 em 2010), seguido de Não falei (2004), Antonio (2007), Anatomia do Paraíso (2015), e dos livros de contos Meu amor (2009) e Garimpo (2013), todos pela Editora 34. Escreveu com Sérgio Bianchi o argumento do filme Cronicamente inviável (2000) e o roteiro do longa-metragem Os inquilinos (2009), prêmio de melhor roteiro no Festival do Rio 2009. Com Karim Aïnouz escreveu o roteiro de seu filme O abismo prateado (2011). Meu amor recebeu o Prêmio Clarice Lispector, da Fundação Biblioteca Nacional, como melhor livro de contos de 2009. Garimpo venceu o Prêmio APCA na categoria Contos/Crônicas em 2013 e recebeu menção honrosa no Prêmio Casa de las Américas, de Cuba, em 2015. O romance Anatomia do Paraíso (2015) venceu o Prêmio Rio de Literatura e o Prêmio São Paulo de Literatura em 2016. Antonio foi publicado em espanhol (Caceres, Editorial Periférica), alemão (Berlim, Assoziation A), inglês (Nova York, New Directions) e italiano (Milão, Utopia). Não falei foi publicado em inglês (New Directions) e alemão (Assoziation A).