‘A esquisse do Bosch é falsa, a verdadeira nunca saiu de Veneza. Tio Domênico foi encontrado morto em um hotel de São Paulo, amarrado a uma cadeira, nu, com uma peruca loira comprida(…) Mas quem o amarrou e por quê?’ O romance se passa nos dias atuais em N. York, Veneza e Florianópolis. Luigi vai a N. York em busca de um esboço de autoria do pintor Bosch, guardado no cofre de um banco americano. Esse esboço do século XVI está com a sua família desde o início do século XX. Lá chegando, descobre que o quadro está em Veneza com um membro distante da família. Após encontros malogrados e estranhos, com a realidade se fundindo a cenas imaginárias e alucinantes, resta a Luigi o conforto afetivo de Florianópolis que, no entanto, lhe é sinônimo de ciúmes opressivos. Ana Julia parece lhe escapar. Ele foi manipulado pela família? Pelo tio mafioso ou pelo primo sem escrúpulos? O vírus respiratório que assola o mundo potencializa o seu estado melancólico? Publicado em outros países com o título de Esquisse, palavra francesa radicada remotamente no italiano schizzo, de provável origem onomatopaica, a ideia geral deste romance é que a obra literária desenvolve-se a partir de um esboço e pode render mais, como, aliás, o autor demonstra sobejamente na habilidade com que tece as tramas e conduz os personagens. Ousado e demolidor, O desenho extraviado de Hieronymus Bosch alinha-se às pequenas grandes obras desses tempos tão velozes.
Giới thiệu về tác giả
Godofredo de Oliveira Neto, catarinense de Blumenau, professor, Doutor em Letras pela UFRJ, estreou em 1981 com Faina de Jurema, romance de prosa bem tecida. Mas foi em 1996, com romance O Bruxo do Contestado, que ele mostrou o escritor de mãos-cheias em que se tornou, fruto de uma aplicação integral às letras, também na pesquisa e na docência, mas com uma carreira fulgurante na literatura brasileira. Dentre outras obras referenciais, publicou também Amores Exilados e Grito. Neste último, emergem os encantadores diálogos entre uma atriz já octogenária e um jovem ator ainda iniciante, e lhe rendeu em 2018 o Prêmio de Melhor Romance de autor na terra natal, iniciativa da Academia Catarinense de Letras, para a qual já tinha entrado quando foi eleito para a Academia Brasileira de Letras, na qual é por enquanto o único representante de Santa Catarina desde 1926, quando faleceu Lauro Müller.