‘Este livro tem muitas raízes. Uma delas vem de um alucinado programa econômico governamental que, no começo dos anos 1990, ‘congelou’ toda a poupança dos brasileiros. Vendo-se sem dinheiro, as pessoas tiveram que ‘se virar’. Aí, de uma hora para outra, precisaram ‘inventar’ maneiras de ganhar dinheiro para sobreviver. Outra nasce das minhas lembranças de um belo veraneio que passei com meu avô paterno, só nós dois, em uma casinha de madeira. A terceira vem de minha decisão de inverter uma narrativa bastante comum, que é aquela do avô bem-comportado que tenta passar valores aos seus netos.’
Aqui, o arteiro é o velho. Quem transmite valores é o garoto, que vai morar com o avô e precisa acompanhá-lo quando sai praticando vigarices a fim de ganhar dinheiro. E o leitor ganha aventuras malucas, cenas hilárias e o humor agudo e irônico do autor, que não deixa passar nada…
Giới thiệu về tác giả
Lourenço Cazarré – Nada é mais difícil, para um escritor, do que tentar escrever uma autobiografia, mesmo que resumida.
A inclinação natural para a mentira e para o exagero dos contadores de histórias é algo que só se aprofunda com o passar do tempo.
Eu, por exemplo, me sinto inclinado a dizer que nasci na Rússia, no século XIX, e que fui amigo de três sujeitos: o conde Leão Tolstói, o doutor Antônio Tchecov e aquele cara esquisito que tinha um sobrenome ainda mais estranho: Gogol.
Mas dizem que nasci em Pelotas, em 1953. Não garanto. Nada lembro do meu parto. Mas me recordo de ter passado a infância em Bagé. Guardo a lembrança de uma ladeira, de um arroio de águas geladas e de um vento que assobiava nos meus ouvidos. Aos dez anos, voltei para Pelotas. Fui morar com meus avós paternos. O velho Leovegildo, policial militar reformado, vivia contando causos dos tempos em que fora cabo columbófilo (encarregado de treinar os pombos-correios que naquela época eram usados na comunicação entre os quartéis da Brigada Militar). Dele herdei a inclinação à lorota.
Cursei o ginásio na Escola Técnica Federal de Pelotas. Em 1968, formei-me rádio-técnico com a nota mínima porque, no final do curso, quase não consegui montar uma galena (rádio primitivo construído com meia dúzia de peças). Em 1975, formei-me em jornalismo, arranjei um emprego numa empresa de comunicação e passei a ganhar um salário para fazer algo que, com prazer, eu faria de graça: ler e escrever.
Desde 1985 escrevo livros para jovens. Na verdade, escrevo livros que talvez fossem apreciados por aquele garoto que fui aos doze, treze anos, o garoto que devorou impiedosamente todos os livros da seção infantil da Biblioteca Pública de Pelotas. Tento escrever histórias movimentadas, às vezes divertidas, às vezes tristes, que segurem a atenção volátil dos jovens leitores. Ou seja, tento desesperadamente fugir da chatice.
Bem, pra encerrar, como não sou de ferro, faço meu comercial. Nadando Contra a Morte (Formato Editorial), uma das minhas novelas para jovens, recebeu o Prêmio Jabuti, em 1998. Em 2002, recebi o Prêmio Açorianos, da Prefeitura de Porto Alegre, pelo melhor livro de contos – Ilhados (Saraiva) – publicado no Rio Grande do Sul em 200l. A revista Veja considerou o meu Clube dos Leitores de Histórias Tristes o melhor livro lançado em 2005 para jovens leitores de dez a doze anos. Tanto Nadando Contra a Morte quanto A Cidade dos Ratos – Uma Ópera Roque (também publicada pela Formato) foram considerados Altamente Recomendáveis para Jovens, pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil.
Minha novela Isso Não É um Filme Americano, que recebeu menção honrosa no concurso João-de-Barro da Biblioteca Municipal de Belo Horizonte, em 2002, foi lançado no mesmo ano pela editora Ática.
Vito Quintans – Cresci entre lápis, canetas, papéis e fascículos de antigos livros de desenho do meu pai, e foram esses os meus primeiros professores. Na companhia dos rabiscos, tornar-me ilustrador foi quase um caminho natural. Na escola, as caricaturas de colegas e professores foram minha primeira moeda de troca, além de uma forma de socialização.
Além dos estudos em artes visuais, outra grande paixão me levou a estudar violão clássico e composição musical. Fiz trilhas sonoras para curtas-metragens e ganhei prêmios como compositor, mas a vocação para os desenhos falou mais alto, fazendo-me voltar para os borrões e deixar a música como uma amiga que me visita de vez em quando.
Nasci em Campina Grande/PB em 1987. Hoje resido em Belo Horizonte/MG. Em 2011, graduei-me em Arte e Mídia pela Universidade Federal de Campina Grande. Lecionei Desenho à Mão Livre na Fundação Universitária do Nordeste (2014-2015) e Técnicas de Animação da Faculdade Cesrei (2016).